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Legado vivo de Gilberto Freyre é celebrado no Seminário de Tropicologia
O legado vivo do escritor Gilberto Freyre foi contemplado no Seminário de Tropicologia desta terça-feira (30). Partindo do tema "Gilberto Freyre e suas contribuições Antropológicas e Sociológicas", a escritora Juçara Valverde, a ensaísta literária Zara Paim e o letrólogo Marcos Carneiro Xhepa falaram sobre a influência do pensamento de Freyre no passado e no presente. O evento aconteceu na Sala Gilberto Freyre, no campus de Casa Forte da Fundaj.
“Quando menino, foi nessa sala em que conheci Gilberto. Perguntei o que para ele era a coisa mais inteligente na vida, e ele respondeu: ‘o paradoxo’. Daí discorreu um pouco sobre isso. Seus títulos são paradoxais e ele é um grande escritor da língua portuguesa. Nunca é demais falar dele”, abriu o presidente da Fundaj, Antônio Campos.
Marcos Carneiro falou dos “Filhos de Casa-Grande e Senzala”. Pessoas essas que se dedicaram ou se dedicam a estudar a obra de Gilberto e que, portanto, se assemelham em estilo literário ao escritor. Tais como José Lins do Rego, Manuel Bandeira, Hermilo Borba Filho e Fátima Quintas. Além disso, ele apresentou o que tem sido feito no município de Catende (Pernambuco), onde nasceu. “Crianças têm sido alfabetizadas por meio do livro Casa-Grande & Senzala. Para mim, Gilberto nasceu há 122 anos e não ‘morreu’ há 35. O passado é infinito, nunca morre. Pode ter vírgula e não ponto final”, afirmou.
Zara Paim comentou a trajetória de Gilberto enquanto criança e exaltou a sua genialidade. “Suas obras são, até hoje, dotadas de uma atualidade e uma contemporaneidade impressionantes. Na sua época, ele levantou a questão da miscigenação de forma positiva, enquanto na Europa existia a visão de pureza de raça. Para ele, a miscigenação era saudável, esperada, boa e trazia crescimento. O escritor foi precursor nesse pensamento e deu origem a muitos estudos sociais europeus”, afirmou.
Juçara falou de grandes escritores nordestinos semelhantes a Gilberto como Augusto dos Anjos, Rachel de Queiroz, João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna e Jorge Amado, que é considerado o maior diplomata do Brasil. E por fim, leu o poema: “O outro Brasil que vem aí”, de Gilberto Freyre: “Eu ouço as vozes, eu vejo as cores, eu sinto os passos de outro Brasil que vem aí. Mais tropical, mais fraternal, mais brasileiro…”.
No fim, como de costume, abriu-se para as contribuições dos seminaristas. A escritora Ana Maria César agradeceu pelos ricos depoimentos dos palestrantes e lembrou de três aspectos que vários escritores abordam: a terra, o homem e a luta. “Gilberto traz sobretudo uma luta que agrediu a sociedade da época. Sou grata a ele por me trazer uma visão de mundo que avança os limites, destrói as fronteiras e vai além”, afirmou.
Durante a programação, representando a Associação de Escritores, Juçara Valverde homenageou, por meio da entrega de medalhas, as escritoras Fátima Quintas, Sônia Freyre e o escritor Antônio Campos, representado pelo chefe de gabinete da presidência da Casa, Marcus Prado.