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Legado cultural do Manguebeat foi temática de bate-papo na Fundaj
Mais um dia de celebração aos 30 anos do Manguebeat. Alunos do EJA (Ensino para Jovens e Adultos) das escolas Carla Patrícia, Novo Pina e Escola de Artes João Pernambuco marcaram presença nesta segunda-feira (20) em mais uma atividade ligada à exposição “Pernambuco embaixo dos pés e minha mente na imensidão: 30 anos do Movimento Mangue”. Montada na Sala de Leitura Nilo Pereira, no campus Derby da Fundaj, a mostra em homenagem ao cantor e compositor Chico Science e aos 30 anos do movimento Manguebeat é fruto de parceria entre Biblioteca Blanche Knopf e o Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, da Prefeitura do Recife.
Além da visita à exposição, os convidados participaram de um bate-papo com Isaar França, Gilmar Bolla 8, membro fundador da Nação Zumbi, e José Lúcio Bezerra Júnior, o Mestre Abissal. Os artistas compartilharam suas trajetórias musicais e enfatizaram a importância do movimento na valorização da cena cultural dentro das comunidades na época.
A roda de conversa aconteceu no Cinema da Fundação/Derby. No início da programação, o público convidado assistiu a um trecho da entrevista em que Chico Science fala sobre a influência da literatura de Josué de Castro na criação do Manguebeat. No livro “Homens e Caranguejos”, que inspirou o músico, o escritor e cientista político contou a história de um menino pobre se deparando com a miséria e a lama do mangue. Apresentando os convidados, o mediador do bate-papo, o produtor Paulo André enfatizou: “na época, só ouvíamos falar das comunidades por conta da violência, e o movimento surgiu dando visibilidade a cena musical desses lugares”.
Ao falar de sua trajetória, impulsionada pela efervescência do movimento, a cantora Isaar relembrou comentários inesperados que fizeram ela perceber a importância da sua carreira. “Muita gente já chegou para me agradecer pelo meu trabalho. Falam que fui inspiração para muitas mulheres negras trilharem o caminho musical”, afirmou. Em sua participação, Gilmar lembrou de quando fazia parte da banda “Lamento Negro”, grupo que encantou Chico Science antes do sucesso. Já o mestre Abissal, quando questionado sobre expandir o legado do movimento, enfatizou que “hoje é mais fácil retornar para toda aquela ebulição porque temos muito mais meios de comunicação para isso”.
Na próxima segunda-feira (27), haverá o último bate-papo do projeto, com o produtor cultural Paulo André, que lançará o livro “Memórias de um Motorista de Turnês”, com Roger de Renor e Ermiro Augusto de Souza Júnior. A atividade também será apenas para convidados. O público geral pode visitar a Sala de Leitura Nilo Pereira para conhecer a mostra até o dia 31 de julho, sempre de segunda a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados, das 13h às 19h.