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Laborarte recebe curso de Preservação e Conservação Preventiva de Obras de Arte Contemporânea
Iniciado na última semana, o curso "Preservação e Conservação Preventiva de Obras de Arte Contemporânea" está sendo realizado no Laboratório de Pesquisa e Restauração de Documentos e Obras de Arte (Laborarte). O Laborarte é vinculado ao Museu do Homem do Nordeste (Muhne), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Está localizado no campus Gilberto Freyre, em Casa Forte, Zona Norte do Recife.
O curso é voltado a contemplar grande parte das instituições detentoras de acervos artísticos do Recife, havendo um representante de cada local, além de funcionários e terceirizados da Fundaj, que lidam diretamente com o acervo do Museu do Homem do Nordeste. Com um total de 20 participantes, as aulas são ministradas pela professora Claudia Regina Nunes, conservadora e restauradora sênior do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Rio de Janeiro.
As aulas seguem até a próxima sexta-feira, dia 2 de setembro, e visam abranger os conhecimentos e técnicas para se fazer a conservação em obras de arte contemporânea. Esta é a primeira vez que o Laborarte oferta um curso sobre esse tipo específico de restauro, como explica Cecília Sátiro, restauradora e chefe de serviço do laboratório.
"Há anos ofertamos cursos, mas este é inédito. O interessante é que a arte contemporânea mistura diversos tipos de materiais. Então, você aprende técnicas sobre papel, sobre tela, sobre metal, é um curso bem abrangente, bem rico, em relação a materiais e à conservação de cada tipo. A arte contemporânea é complexa para fazer o tratamento. Uma peça pode ter metal, papel, pintura, entre outros materiais, e você precisa entender um pouco de cada um para fazer o tratamento", afirmou Cecília.
Há 38 anos na área de restauração de bens móveis e integrados do Iphan, a professora Claudia Regina Nunes volta ao Recife três anos após ministrar o curso de conservação e restauração de acervos têxteis, também no Laborarte. A especialista explica que a proposta é ensinar aos alunos como fazer um diagnóstico de patologias das obras. De acordo com ela, na última semana, foram realizadas aulas teóricas sobre as características dos materiais e a limpeza de cada um.
“Quando se tem obra com vários tipos de materiais, tem limpeza em massa acrílica, couro, madeira, é preciso identificar as patologias, se tem fungo, por exemplo. Mas, como tratar se não entender os componentes? A proposta é essa, que eles vejam as obras, identifiquem as patologias dos materiais envolvidos e escolham o melhor tratamento". Neste segundo módulo do curso, de aulas práticas, são utilizadas peças do acervo da própria Fundação Joaquim Nabuco, que estão sendo tratadas pelos alunos. Além disso, serão realizadas visitas técnicas a instituições detentoras de acervos contemporâneos e uma exposição de arte, no Recife.
Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) na área de arte-educação e diretor da Escolinha de Arte do Recife, Everson Melquíades explica como vai levar o conhecimento adquirido no curso para seu dia a dia. "Lido com instituições nas quais temos muitas obras de arte, entre elas, as contemporâneas, e muitas vezes não sabemos como conservar, como fazer a limpeza desse material. Por isso, esperávamos esse curso da Fundaj. Tivemos curso de têxtil, de conservação e restauração em papel, e agora, pela primeira vez, em obras que possuem além dos elementos tradicionais, como tinta, outros elementos, como colagem".
Nas primeiras aulas, Everson afirma ter aprendido coisas que não imaginava. "Vimos que cada material tem uma história, que a gente precisa saber a utilidade desses materiais e que as obras são produzidas para haver intervenção sobre eles. A gente aprendeu muito sobre história da arte, principalmente a contemporânea. E cada aluno tem o privilégio de escolher uma obra do acervo da fundação e fazer aquilo que aprendemos, com a orientação da professora Claudia. Isso é importante, pois são pessoas de museus, centros culturais, e levaremos isso para nossas instituições", concluiu Everson.