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Inclusão e acessibilidade fazem parte da nova definição de museus
Inclusão, acessibilidade, sustentabilidade e diversidade passaram a ser incorporados na nova definição para museu, conforme aprovação realizada na assembleia-geral do Conselho Internacional de Museus (ICOM), no dia 24 de agosto. Em um conceito atualizado para o século 21, os termos passaram a tratar dos desafios contemporâneos vivenciados pela museologia e pelos equipamentos culturais, tais como sustentabilidade, diversidade, comunidade e inclusão.
Na tradução preliminar para o português, realizada conjuntamente pelos comitês nacionais dos países de língua portuguesa, a nova definição é a seguinte: "Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade, que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o patrimônio material e imaterial. Os museus, abertos ao público, acessíveis e inclusivos, fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Os museus funcionam e comunicam ética, profissionalmente e, com a participação das comunidades, proporcionam experiências diversas para educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimento".
O texto foi o resultado de um processo colaborativo que durou quase dois anos e envolveu milhares de profissionais de todo o mundo. Só no Brasil, mais de 1.600 pessoas participaram dos debates promovidos pelo Comitê Brasileiro do ICOM - o ICOM Brasil. Globalmente, o processo também teve participação decisiva do País. "É preciso parabenizar a transparência e o caráter participativo do processo, com milhares de pessoas envolvidas só no Brasil", disse a presidente do ICOM Brasil, Renata Motta. "Os profissionais brasileiros sugeriram vários termos que acabaram não entrando no texto final, mas estamos completamente comprometidos com a nova definição", completou. O novo texto foi aprovado por um placar de 487 votos favoráveis, 23 contrários e 17 abstenções.
Para o museólogo Henrique Cruz, que representou o Museu do Homem do Nordeste na Conferência Geral realizada entre 22 e 28 de agosto deste ano em Praga, na República Checa, é preciso destacar a forma como o novo conceito de museus foi escolhido e escrito. Contudo, apesar de a definição entrar dentro dos estatutos do ICOM, ela é proposta como uma referência, um ponto de partida, não quer dizer que deve ser seguido à risca, mas deverá trazer a partir de agora discussões importantes fora do ambiente estático e tradicional que os museus costumam ser vistos
“Essa definição tem mais a cara do século 21 e estamos falando de definição de museus em que a última grande mudança ocorreu em 1974, de lá para cá só houve alguns ajustes, era algo muito intocado dentro do ICOM”, comentou Henrique Cruz. A nova definição acaba por se assemelhar, na prática, ao que já tem sido desenvolvido no Museu do Homem do Nordeste ao longo dos anos, quando se trata de diversidade e inclusão. Um dos exemplos citados pelo museólogo foi a exposição inaugural do Muhne, em 1979, cuja curadoria da sala sobre candomblé foi feita pelo pai de santo Manoel Papai, do sítio de Pai Adão, considerado um movimento pioneiro em Pernambuco e no Brasil
Os museus também são ferramentas transformadoras que ressignificam a forma de pensar os meios de comunicar dentro de uma sociedade. Esse inclusive, tem sido o trabalho desenvolvido pelo Museu do Homem do Nordeste e pelo Engenho Massangana, por meio de atividades que conectam esses espaços não só com quem visita os museus, mas com a comunidade em seu entorno, com as escolas, instituições e todos que tenham interesse em compartilhar conhecimento.