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Importância da criação da Sudene foi temática da 425ª edição do Seminário de Tropicologia
Na época em que foi criada por Celso Furtado, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) representou uma esperança de desenvolvimento regional para os nordestinos. Mesmo com uma história de valiosas contribuições, a Sudene enfrentou muitos percalços. Com a temática “A Sudene e seu inventor”, a 425ª edição do Seminário de Tropicologia da Fundaj apresentou a defesa do legado da instituição e colocou em discussão suas problemáticas. O evento aconteceu nesta terça-feira (26), na Sala Calouste Gulbenkian, do campus Gilberto Freyre da Fundaj.
Clemente Rosas lembrou o início da Sudene. Em 1959, o Nordeste sofria com uma seca, e em meio a isso, Celso Furtado teve um encontro com Juscelino Kubitschek. Daí nasceu uma esperança regional. “E minha proposta aqui é apontar para o futuro, relembrando o passado”, afirmou. “A instituição surgiu como algo novo. Era ligada ao presidente e tinha poderes que outra autarquia não tinha: prazos dobrados, concedia incentivos e tinha uma estrutura de poder. Realmente algo original, uma invenção”, enfatizou.
Com a troca de presidentes, mudaram-se as relações de Celso com o Governo Federal. Situação que agravou-se em a partir do governo de Fernando Henrique Cardos, que extinguiu o órgão. “O então presidente descontinuou trabalhos por conta de visões superficiais sobre a Sudene”, opinou Clemente. Mais para frente, o conferencista concluiu: “Celso se empenhou em combater desigualdades e foi um grande pensador do desenvolvimento nordestino. A Sudene tem um valor como órgão planejador e o que me resta é desmistificar e reconhecer o que foi feito. Nós nordestinos devemos estar atentos para retomar aspectos desse tempo promissor que vivemos”.
Terminada a explanação, foi a vez dos demais conferencistas contribuírem com as suas falas. Foi lembrado que Gilberto Freyre foi membro do Conselho Deliberativo da Sudene como representante da educação.
O seminarista Abraham Sicsú, explanou uma visão mais crítica em relação ao órgão. “Respeito a história e todos nós reconhecemos o desenvolvimentismo de Celso. Mas fico preocupado em relação a qual Sudene a gente fala. Naquela época tínhamos projetos agrícolas e industriais. Mas lembro também de outra Sudene, quando os governadores estavam preocupados com incentivos e não com projetos regionais”, comentou o mestre em economia.
Para encerrar, ainda participaram da programação os seminaristas Aurélio Molina, Collins Holanda, Adriano Cabral, José Nivaldo Júnior, Cruzeiro Aragão e Lourival Holanda.
Homenagens
No início da programação, a coordenadora do evento, Fátima Quintas, apresentou um histórico do Seminário de Tropicologia, uma atividade multidisciplinar criada por Gilberto Freyre em 1965. Em seguida, abriu-se espaço para uma breve homenagem ao ator e escritor pernambucano, Reinaldo de Oliveira, que faleceu aos 91 anos, no último dia 9 de abril.
Ele ocupava a cadeira número 24 da Academia Pernambucana de Letras e sempre estava presente no Seminário de Tropicologia. A homenagem foi feita pelo ator Adriano Cabral. Vestido de rei, ele exaltou a vida do escritor e evidenciou seu legado, tudo isso em tom de poesia e ao som de um violino tocado pelo músico Eduardo Andrade.