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III Seminário Mediação de Leitura se encerra com declaração da literatura como resistência
O protagonismo da leitura na promoção do bem-estar voltou a ser destaque nesta sexta-feira (13), durante as últimas atividades do III Seminário Mediação de Leitura. O evento é uma iniciativa da Biblioteca Blanche Knopf, vinculada à Coordenação-Geral do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira Rodrigo Mello Franco de Andrade (Cehibra), da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
Iniciando os trabalhos, o público teve um momento artístico com apresentações do projeto Doutora Maricotinha: Poesia da Teoria à Prática, da Escola Estadual Ministro Jarbas Passarinho, em Camaragibe (PE). Orientado pela professora Ana Cláudia Xavier, o projeto fomenta produções poéticas, musicais e de desenho por parte dos estudantes, com inspiração na obra de Maria Bethânia, além de promover a literatura enquanto direito humano. Estudantes do projeto declamaram poesias autorais e de grandes autores, como Fernando Pessoa, além de apresentarem performances das músicas “João e Maria”, “Aquarela” e “Reconvexo”. O momento também contou com declamação de poemas do professor Miguel D’Amorim, integrante do projeto.
Debates
O cuidado coletivo foi foco da mesa de debate matinal, com coordenação da pedagoga Érica Verçosa. Ana Cláudia Xavier, orientadora do Doutora Maricotinha, abriu o diálogo destacando suas experiências com o uso da literatura no ambiente escolar por meio da iniciativa, que acumula conquistas nacionais e internacionais. “O momento em que uma criança não só faz sua poesia, mas também a declama e a vê registrada em livro é muita resistência. É isso que não pode deixar de existir: a literatura enquanto direito humano, como prega Antônio Cândido”, destacou.
Em seguida, foi o momento de conhecer o projeto Momentos de Literapia por meio de seu idealizador, o professor Ricardo Luiz de Souza, do campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF) Sertão Pernambucano, em Santa Maria da Boa Vista (PE). A iniciativa ganhou forma com a participação da psicóloga Érika Freire e proporcionou aos estudantes diálogos sobre temas como literatura indígena e combate à LGBTfobia. “A biblioterapia é muito honesta no que faz através dos seus mediadores. Estamos aqui agora unidos por essa honestidade e por essa energia, que é a vontade de querer contribuir, de alguma maneira, para um mundo melhor”, ressaltou o educador.
Encerrando os diálogos expositivos da mesa, a psicóloga e arteterapeuta Andréa Graupen trouxe relatos tocantes de sua experiência com o uso da literatura nos cuidados com os idosos. “A velhice não é a decrepitude. Também podemos ter uma velhice criativa. E a literatura é o lugar que não deixa a imaginação morrer, e a imaginação é um direito”. Ainda como parte da discussão sobre idade, imaginação e memória, a profissional leu trechos da obra O Astronauta, de Amma e Carol Fedatto.
Biblioterapia
À tarde, a oficina sobre biblioterapia conduzida pela psicóloga Tereza Roberta trouxe reflexões sobre o papel terapêutico da literatura, seguida pelo lançamento de obras que dialogam com o tema do seminário. “A biblioterapia e a mediação de leitura têm semelhanças, mas a biblioterapia vai além, pois trabalha com uma escuta mais sensível e se conecta a um tema específico. Ela atua mais no emocional do que no racional. Quando a pessoa começa a falar, entra em contato com seus sentimentos e consegue expressá-los. A arte tem esse poder.”.
Os livros lançados foram: Raízes Formativas em Biblioterapia: Narrar, Florir e Frutificar, organizado por Cristiana Seixas; O Piquenique das Anas, de Érica Montenegro; e Narrativas Terapêuticas: Práticas e Perspectivas da Biblioterapia, organizado por Katty Anne Nunes. “Para a Fundação Joaquim Nabuco, é um grande prazer viabilizar um evento como este. Há um compromisso com o curso, e acredito que devemos pensar nisso. Fica o desafio de planejar sua continuidade em 2025, dentro das ações da Biblioteca e do Cehibra. Espero que os dois dias tenham sido proveitosos, não apenas pelas mesas, mas também pelas oficinas”, disse o diretor da Dimeca, Túlio Velho Barreto.
Também participaram do encerramento a coordenadora do Cehibra, Nadja Tenório, e o coordenador da Editora Massangana, Cristiano Borba. Ao fechar as atividades, Veronilda Barbosa, coordenadora da Biblioteca Blanche Knopf, destacou ser um prazer para a Biblioteca e para a Fundaj ter tantos companheiros engajados no trabalho de formação de mediação de leitura. “A realização deste seminário foi mais um sonho concretizado, especialmente para a Biblioteca Blanche Knopf, ao dar continuidade aos trabalhos iniciados com o curso de formação de mediadores”, disse.