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História do Manguebeat é celebrada em exibição de documentário exclusivo no Cinema da Fundação/Porto
O Manguebeat foi celebrado em uma noite emocionante nesta quinta-feira (31), no Cinema da Fundação/Porto, no bairro do Recife. Depois de 30 anos de surgimento, o movimento foi prestigiado pelo público, que pôde assistir a um documentário inédito sobre sua história. Depoimentos de artistas que participaram ativamente do gênero criado por Chico Science, cenas de festivais com o ritmo pulsante do movimento e trechos de obras audiovisuais encantaram os espectadores.
Homenageado no documentário, o Manguebeat nasceu em 1991, unindo gêneros musicais como o maracatu, o rock, o hip hop e a música eletrônica. Durante 1h40 de exibição, importantes falas de integrantes de bandas como Nação Zumbi, Mudo Livre S/A, Devotos e Faces do Subúrbio salientam a relevância do movimento para a cena pernambucana dos anos 90. O jornalista Xico Sá lembrou que Recife era considerada umas das cidades mais violentas do mundo na época e, diante disso, os músicos começaram a se unir para falar da realidade como um protesto que cunhou em manifestação cultural.
Produzido por Jura Capela, o longa “Manguebit”, que ainda não está sendo exibido oficialmente, foi apresentado exclusivamente por meio de uma parceria entre Fundaj e Porto Digital. A ação foi pensada como tributo ao movimento e à memória de Chico Science, que completaria 56 anos neste mês. “Acabei vindo pela primeira vez aqui no Cinema do Porto porque estou muito animado para prestigiar esse documentário que fala da minha época”, afirmou Daniel Belo, um dos primeiros a chegar ao local.
Ao final da exibição, ainda foi promovido um papo bastante descontraído sobre a cena musical da época. Participaram do momento: Fred Zero Quatro (da Mundo Livre S/A e autor do manifesto “Caranguejos com Cérebro”); Dengue (baixista da Nação Zumbi); Paulo André Pires (produtor do Abril Pro Rock e empresário da Chico Science e Nação Zumbi nos anos 90); Jura Capela (produtor do filme); e a jornalista Débora Nascimento, que cobriu a cena cultural pernambucana na efervescência do mangue.
“Fiquei emocionado com o que vi hoje. A cultura pernambucana merecia esse trabalho. Tinha muita coisa que eu não sabia e fiquei feliz em assistir”, afirmou Fred Zero Quatro, parabenizando o produtor da obra. Em seguida, cada um pôde comentar um pouco sobre o significado do movimento e o que ele representa até hoje. "Esse filme é para contar à nova geração o que aconteceu, durante mais de uma década no Recife”, pontuou Jura Capela. O profissional falou estar honrado pelas felicitações.
Durante a conversa, ainda foi falado que o futuro é o que se constrói no presente e que era isso que os jovens artistas buscavam na época. Enfrentavam desafios, mas não desistiram de fazer arte e movimentar a cultura. “Ninguém esperava nada daqui. E a galera quando chegou, ‘chegou chegando’. No segundo Abril Pro Rock, a MTV já estava aqui e todos se voltaram para cá. Inevitavelmente isso ecoou na autoestima dos jovens”, afirmou o produtor Paulo André.