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Fundaj sedia debate sobre assédio e adoecimento entre profissionais bancários no estado
Medo, ansiedade e outros prejuízos à saúde física e mental dos trabalhadores dos bancos foram pauta de debate na Sala Gilberto Osório da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no campus Anísio Teixeira, em Apipucos, nessa terça-feira (25/03). A reunião foi centrada no trabalho da pesquisa “Assédio e Adoecimento dos/as trabalhadores/as do setor bancário em Pernambuco”. O dossiê é fruto de parceria entre o Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho, Políticas Públicas e Desenvolvimento da Universidade Federal Rural de Pernambuco e da Fundaj (Labor - UFRPE/Fundaj), e do Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Especializado em tópicos trabalhistas, o Labor inclui pesquisadores da UFRPE, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e também da Fundaj.
Desenvolvida pelas pesquisadoras Ingrid Barbosa e Mylena Galdino, do Labor, a pesquisa teve como base entrevistas com bancários de instituições públicas e privadas, realizadas entre março e maio de 2024, além de consulta bibliográfica sobre o tema. Trata-se de uma investigação qualitativa sobre as condições de trabalho da categoria e os diferentes fatores de adoecimento dos profissionais, observando fenômenos como o assédio moral, bem como a responsabilidade de práticas institucionais dos bancos na promoção de sofrimento psíquico. A produção foi coordenada pelos pesquisadores Maurício Sardá e Marco Levay.
Além da presença de Sardá, o debate também contou com as contribuições de Darcilene Gomes, pesquisadora e coordenadora do Cecim/Dipes da Fundaj e membro do Labor; Kaliani Rocha, professora Associada do Departamento de Psicologia da UFPE; e Fabiano Moura, presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco.
Em suas salas, os entrevistados revelaram a relação de pressão, constrangimento e comparação constante no espaço de trabalho do setor bancário. O documento descreve um ambiente profissional em que a gestão e a hierarquia são fundamentadas em práticas prejudiciais, incluindo a imposição de metas fora da realidade, o estímulo a condutas antiéticas, além de situações recorrentes de represálias e intimidação. Kaliani ressalta: “O sofrimento coletivo dos trabalhadores não tem raízes individuais, é produto de decisões administrativas. Sua permanência e normalização refletem um problema estrutural”.
Representante da Fundaj no Labor, Darcilene destacou a importância de desenvolver o trabalho juntamente com os trabalhadores. “É muito comum que nós, pesquisadores, não tenhamos acesso a determinadas categorias. Há relatos de profissionais que não conseguem participar porque têm medo de falar com os pesquisadores. A participação dos trabalhadores e do sindicato ajuda a diluir esse medo”, pontuou.
Fabiano Moura expôs planos futuros em relação ao tema: “Pretendemos também fazer a pesquisa quantitativa, para que tenhamos um olhar de dimensão mais ampla. A ideia é transformar em um livro, para que essa obra esteja disponível para a sociedade”. Após a contribuição dos componentes da mesa, bancários presentes no debate também contribuíram para a discussão com relatos pessoais e percepções sobre seu meio de trabalho. O dossiê “Assédio e Adoecimento dos/as trabalhadores/as do setor bancário em Pernambuco” pode ser acessado clicando aqui.