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Fundaj promoveu rico debate neste 8 de março sobre “O Papel da Mulher na Sociedade”
Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) promoveu, na manhã desta sexta-feira ( 8), um rico debate sobre o papel das mulheres na sociedade. O encontro aconteceu na Sala Calouste Gulbenkian, no Campus Gilberto Freyre, em Casa Forte. Na mesa de abertura, a presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, destacou que a luta das mulheres por uma sociedade menos dividida e mais justa acontece todos os dias, mas a celebração do 8 de março é importante pelo simbolismo da busca pelas conquistas.
“Apesar dessa batalha árdua, com certeza, já temos avanços. Um exemplo é a Fundaj que, depois de 75 anos de sua fundação, tem pela primeira vez uma mulher na presidência.” A presidenta ressaltou a importância de a mulher ter mais voz em todos os segmentos da sociedade. “Não quero apenas votar, quero ser cidadã. Mas ainda estamos distantes de uma democracia plena no Brasil. Por isso, devemos avançar nesta luta, sem truculência, porém com determinação, coragem e leveza para que alcancemos formas de convívio que dignifiquem todos e todas. A luta é geral, inclusive dos homens. Precisamos ser felizes, sem deixar que o ódio atrapalhe a construção da civilidade. Precisamos honrar o nosso tempo”, afirmou.
Fizeram parte da mesa de abertura as diretoras de Formação Profissional e Inovação (Difor), Ana Abranches, e de Planejamento e Administração (Diplad), Aida Monteiro, os diretores de Pesquisas Sociais (Dipes), Wilson Fusco, e de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), Túlio Velho Barreto, o chefe de Gabinete da Presidência, José Amaro Barbosa, e a coordenadora do Centro de Documentação e Pesquisa (Cdoc), da Coordenação do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira Rodrigo Mello Franco de Andrade (Cehibra/ Dimeca), Sylvia Couceiro.
Em todas as falas houve um consenso de que as mulheres já conquistaram espaços significativos na sociedade, mas que ainda há lutas pela frente para que alcancem o que merecem. “Podemos citar a cultura patriarcal que ainda vivemos. Por que o nome do nosso museu é Museu do Homem do Nordeste? Estamos fazendo um levantamento do nosso acervo e nos deparamos com alguns absurdos. No setor de textuais, há 233 fundos documentais, mas apenas oito têm nomes de mulheres. Isso é uma exclusão e que devemos fazer a reparação daqui pra frente”, observou Sylvia Couceiro.
Já na realização do debate, sob a coordenação de Aida Monteiro, participaram a pesquisadora da Fundaj Beatriz Mesquita e a fundadora e pesquisadora da ONG SOS Corpo, Maria Betânia Ávila. Em sua fala, Maria Betânia cravou que a primeira conquista histórica das mulheres foi a criação do feminismo. Segundo ela, o movimento sempre foi a fonte de todas as conquistas que viriam pela frente. “O movimento feminista é internacionalista. Por isso, nos solidarizamos com as lutas internacionais. Todo dia é dia de luta em todo canto”, completou.
Mesmo assim, Maria Betânia sabe que, para avançar ainda mais nessas conquistas, é preciso haver uma ação coletiva de vários segmentos envolvidos dentro do contexto de desigualdade social, de raça e de gênero. “Vivemos até hoje num sistema capitalista patriarcal e racista. Então temos que lutar não só pela formalidade da democracia política, mas também pela transformação das nossas vidas cotidianas. Temos que alimentar e conduzir a história, pois, sem ela, não temos direção. Afinal, essa história ilumina o nosso presente e define o nosso futuro.”
Já Beatriz Mesquita mostrou em sua explanação que, infelizmente, a categoria das mulheres da pesca artesanal ainda é mais discriminada e excluída que muitas outras. “Cerca de 13% de todo o alimento que é consumido nos países em desenvolvimento vem da pesca artesanal. E quem está majoritariamente à frente dessa produção são mulheres negras e pobres, mas poucos sabem disso. Ou seja, elas são ‘invisíveis’ para a sociedade”, lamentou a pesquisadora, acrescentando: “Daí a importância desse dia para a nossa reflexão”. Ao final do debate, além dos comentários adicionais e reflexões de alguns presentes, o Coral da Fundaj emocionou a todos e todas com uma breve apresentação da música “Maria Maria”, de Fernando Brant e Milton Nascimento.
Sobre a data
O 8 de março é reconhecido como o Dia Internacional da Mulher pela ONU desde 1975, tendo sua origem associada ao trágico incêndio ocorrido em 1911 em uma fábrica têxtil em Nova York, no qual 125 mulheres perderam suas vidas. Esse evento despertou a conscientização sobre as condições adversas enfrentadas pelas trabalhadoras da época, impulsionando movimentos de protesto e reivindicações por melhores condições de trabalho. Mesmo após mais de um século, as mulheres persistem em sua luta por igualdade de direitos, enfrentando desafios contínuos em sua jornada. O Dia Internacional da Mulher serve como um lembrete anual não apenas das conquistas alcançadas, mas também dos obstáculos ainda enfrentados no caminho rumo à plena igualdade de gênero.