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Fundaj promove programação especial com homenagens póstumas a Antonio Montenegro, nesta quarta-feira (19)
O ex-diretor do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), Antonio Carlos Duarte Montenegro recebeu, na manhã desta quarta-feira (19), uma afetuosa homenagem: o nome do servidor, falecido em julho passado, aos 66 anos, foi incorporado ao do Laboratório de Pesquisa, Conservação e Restauração de Documentos e Obras de Arte (Laborarte), espaço que coordenou e serviu com dedicação entre 2003 e 2012.
A iniciativa integra a programação do seminário “Memória e Patrimônio - em torno de Antonio Montenegro”, cerimônia que celebra parte da sua obra produzida ao longo de sua vida e realizada na Sala Calouste Gulbenkian, no Edifício Paulo Guerra, também em Casa Forte. Mais que um funcionário da Fundação Joaquim Nabuco, Montenegro foi um artista plástico, arquiteto, urbanista, ilustrador e pesquisador
Em seu discurso na cerimônia, o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte, Mario Helio, cita o poema Transforma-se o amador na cousa amada, do português Luís de Camões, no qual o amor transforma aquele que ama, infundindo na alma do sujeito as qualidades percebidas no objeto. Para ele, "Antônio agora está transformado na coisa amada que é o Laborarte”.
A coordenadora-geral do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra), Betty Lacerda, que era companheira dele, comenta sobre Montenegro ter expressado o desejo, antes de partir, de retornar a servir no espaço da Laborarte, pois se sentia bem ali. “Então me sinto hoje feliz com essa homenagem prestada”, finaliza Betty em seu discurso.
Trajetória e legado
Durante a mesa de abertura do seminário, o presidente da Fundaj, Antônio Campos, o diretor da Dimeca, Mario Helio e a coordenadora-geral do Muhne, Fernanda Guimarães, homenagearam e celebraram a trajetória de Antônio Montenegro.
O presidente da Casa ressaltou que o legado de Montenegro permanecerá na instituição e que as principais palavras para o servidor são de agradecimento. "Posso dizer que o que mais me impressionou foi a sua lealdade à Fundaj, ao Museu do Homem do Nordeste e ao Laborarte", destacou Fernanda.
Já Mario recitou a Fábula de um arquiteto, de João Cabral de Melo Neto, para falar sobre a dedicação do servidor. "Você permanece enquanto permanece na memória dos seus e é isso que estamos fazendo aqui agora: dizendo a Antônio Montenegro que ele vive em cada um de nós", finalizou.
A companheira de Montenegro, Betty Lacerda, apresentou a mesa "Antonio Montenegro e o Laborarte". A coordenadora-geral do Cehibra fez um passeio pela história do servidor como conservador e restaurador, destacando alguns de seus inúmeros trabalhos dedicados a obras raras na Fundaj e em outros prédios públicos do Nordeste - desde o Recife à Paraíba e Aracaju.
Seguindo o seminário, o professor titular do Curso de Arquitetura e Urbanismo e da Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da UFPE, Luiz Amorim, apresentou a palestra “Memória e Patrimônio”, contando os projetos de Montenegro como arquiteto.
Na palestra “Antonio Montenegro e o Museu do Homem do Nordeste - experiências e contribuições”, o museólogo do Muhne, Henrique de Vasconcelos Cruz, relembrou a trajetória do servidor do museu. Da participação em montagem de exposição à direção do Muhne, de 1991 a 2002, com projetos que incluíram a implantação de um sistema de segurança e a reforma da exposição permanente com maior interação com o público, Henrique celebrou e agradeceu pelo legado que Montenegro deixou para os museus.
No vídeo “E aí tudo pronto?”, apresentado para o público, colegas e amigos do artista, como Cristiano Borba e Rita de Cássia, deram depoimentos sobre o trabalho e a convivência com Montenegro. “O ‘e aí, tudo pronto?’ era um início de conversa”, explicou Cristiano. A alegria do servidor para desenhar artes de camisas de bloco de carnaval também foi destacada como traço importante dele: o bom humor.
O bom humor e o companheirismo dele também foram lembrados na mesa redonda “Em torno de Antonio Montenegro”. Participaram da apresentação Francisco Cunha, consultor de empresas e colega de turma Montenegro na Faculdade de Arquitetura, Paulo Gustavo, escritor e ex-servidor da Fundaj, e Romero Pereira, arquiteto e sócio de Antonio Montenegro durante 30 anos. Memórias do trabalho e histórias da faculdade foram compartilhadas para celebrar a arte e trajetória do servidor. “Ele era multifacetado e misturava técnicas e influências nos desenhos”, destacou Francisco. “Ele foi leve como um traço. Quero registrar o meu orgulho e prazer de Montenegro ter sido meu parceiro de prosas”, aplaudiu Paulo. “Ele teve uma revolução como artista e ilustrador”, ressaltou Romero.
Entre lembranças afetuosas e imagens das artes do arquiteto, o seminário “Memória e Patrimônio - em torno de Antônio Montenegro” foi finalizado com aplausos emocionados em homenagem à dedicação e paixão do servidor da Fundaj.