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Fundaj promove mesa de diálogo sobre gestão ambiental durante a Jornada Dia da Terra 2024
Continuando com as atividades da Jornada Dia da Terra, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) organizou, na tarde de quinta-feira (25), a Mesa de diálogo "Gestão Ambiental em Municípios Costeiros: o Baixo São Francisco". Realizada na Sala Calouste Gulbenkian, no Campus Gilberto Freyre da Fundaj, em Casa Forte, o evento contou com a mediação de Vanice Selva (Prodema/UFPE) e a participação de Claudio Sampaio, professor da Ufal Campus Penedo (AL), William Severi, professor do Departamento de Pesca da UFRPE, a coordenadora do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist) da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundaj, Edneida Cavalcanti, e Beatriz Mesquita, pesquisadora da Dipes/Fundaj.
O professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Claudio Sampaio, iniciou as apresentações discutindo a conectividade entre o baixo São Francisco e os ambientes marinhos costeiros. Ele trouxe exemplos de iniciativas como o Recicla Penedo, realizado em Alagoas, e projetos conduzidos por Conselhos de Meio Ambiente, visando a promoção do desenvolvimento sustentável e o controle da produção, extração, comercialização, transporte e emprego de materiais, bens e serviços que comprometam a qualidade de vida do meio ambiente, entre outros tópicos que foram abordados pelo docente.
"A tarde foi bastante produtiva, principalmente considerando que espaços semelhantes a este que a Fundaj abriu são bem raros. Discutir gestão ambiental envolve diversos olhares, tanto acadêmicos como práticos, e eu acredito que todos os que participaram hoje estão voltando para casa com uma bagagem repleta de conhecimento e questões importantes, que podem ser aplicadas tanto em casa quanto em condomínios, até mesmo na sala de aula. Acredito que todos estão saindo daqui hoje renovados", comentou Cláudio Sampaio.
Em seguida, o público pôde conhecer melhor os usos e conflitos na Bacia do São Francisco, com a exposição do professor William Severi, do Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O docente apontou problemas no uso dos ambientes aquáticos e desafios para peixes e a atividade pesqueira na região.Entre os desafios estão o assoreamento, redução de vazões, irregularidade de cheias, conflitos no uso de água, perda de habitats de importância para a reprodução nativa, introdução de espécies exóticas e não endêmicas, impacto na pesca e rentabilidade financeira, poluição aquática e salinização dos trechos inferiores, entre outros.
Edneida Cavalcanti ressaltou a importância da roda de diálogo. “Estamos abordando uma temática que é objeto de pesquisa da Fundaj, mas contando também com olhares e perspectivas de parceiros e convidados. Podemos compreender esse contexto da Bacia do São Francisco, do Baixo São Francisco e da gestão ambiental desses municípios costeiros que selecionamos para amostra da pesquisa. Vale lembrar que essa pesquisa também prevê formação, o que é bem interessante para pensar em algo que articule diferentes dimensões. Tivemos um público muito bom, com jovens muito engajados e provocativos, o que considero bastante enriquecedor quando a instituição se abre para poder discutir de forma mais ampla com a sociedade", comentou a que abordou os desafios da gestão ambiental durante a atividade.
Atuando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema/UFPE), a Dra. Vanice Selva destacou a grande diversidade dos ambientes apresentados, assim como os conflitos, também expostos pelos pesquisadores. "Percebemos na fala de todos esse ponto comum, dos problemas e dos conflitos. Tem que haver uma governança para que a gestão ambiental se realize. Ouvimos aqui, e isso tem sido comum, que há uma fragilidade na governança e nos conselhos que vai desde a própria ausência de uma visão complexa que precisa existir. O ambiente é complexo, os problemas são complexos, há uma complexidade social, ecológica, econômica, política e cultural, mas isso não é visto. Precisamos olhar essa complexidade para ela ser vencida. Isso passa pela capacitação de conselheiros, pessoas em geral e escolas, por meio de processos educativos como foi colocado aqui", comentou.
Vanice defendeu, ainda, uma visão integrada nas esferas municipal, estadual e nacional do ponto de vista de articulação. "Quando a gente vai para o município, que é a unidade final básica, a gente vê que na verdade essas coisas diluem", concluiu.
Por fim, a pesquisadora Beatriz Mesquita apresentou a "Participação e Governança Ambiental Municipal: territórios costeiros", que ela coordena em conjunto com a pesquisadora Verônica Fernandes (Fundaj). O estudo busca compreender o processo de construção da agenda ambiental e da correspondente estrutura de gestão nos municípios costeiros do Nordeste, mecanismos de controle social e participação, identificando demandas de formação relacionadas à políticas ambientais.
“Acho importante destacar a discussão acadêmica. Temos um projeto na Fundação Joaquim Nabuco, de pesquisa, precisamos dar retorno à sociedade, mas também é preciso validar os resultados com outros acadêmicos. Dessa forma, promovemos a discussão dos resultados. Foi muito válido trazer dois professores que trabalham na área do São Francisco para trocar essas informações e ouvir o que tínhamos a falar. Assim, começamos a gerar discussões, pois além dos professores tínhamos na plateia alunos que se incitam para discutir os resultados”, afirmou Beatriz Mesquita.
Após as apresentações, foi aberto o debate com o público, formado tanto por pesquisadores e pesquisadoras experientes como por jovens recém-formados. "Essa geração que em breve assumirá o protagonismo. Ter jovens interessados, capacitados e sensíveis a esses temas é fundamental para a qualidade de vida. A discussão pode ser acadêmica, mas hoje tivemos muita prática também. Mostramos as coisas na prática, as pessoas precisam entender o trabalho que está sendo feito. Às vezes, no caso da gestão ambiental, ela é realizada em escritórios, em salas, em prédios, mas na verdade acontece na praça, na rua, na praia, no rio. Precisamos entender isso", pontuou Claudio Sampaio.