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Fundaj promove dias de formação e conhecimentos históricos para equipes do Muhne e Engenho Massangana
Monitores e colaboradores do Museu do Homem do Nordeste (Muhne) e do Engenho Massangana participaram de uma formação sobre a cultura africana e a escravização no Brasil, no Engenho Massangana, nos últimos dias 8 e 15 de agosto. Durante o período, a historiadora e pesquisadora da Fundaj Cibele Barbosa apresentou temas para que todos os presentes refletissem sobre a mediação museológica no espaço onde Joaquim Nabuco viveu parte de sua infância e teve seu primeiro contato com pessoas escravizadas.
“Estamos muito felizes com este momento, porque acreditamos que este local precisa ser, também, um lugar de estudos constantes. E entendemos que quanto mais examinamos as temáticas com as quais trabalhamos, mais precisamos estudá-las”, afirmou a coordenadora de Ações Educativas e Comunitárias do Muhne, Edna Silva.
No próximo dia 19, o Engenho Massangana, tombado a nível estadual como Parque Nacional da Abolição, reabrirá para o público com duas novas exposições: Jeff Alan: pra deixar de ser "pra inglês ver’ e Masanganu: memórias negras. Durante a formação, os mediadores puderam trocar ideias e foram estimulados a buscarem a melhor forma de falar sobre o que será exposto.
Apresentando um inventário da família Nabuco, que estará em uma das mostras, a pesquisadora Cibele evidenciou na primeira segunda-feira (8) a forma com que os senhores de engenho falavam sobre as pessoas escravizadas. Nisso, ela também deu uma pincelada geral nas heranças racistas presentes em todas as camadas da sociedade brasileira até hoje. “Quero trazer, primeiramente, um estímulo, mostrando subsídios e conhecimentos sobre o Engenho. Não quero ditar o que vão falar na monitoria, mas fazer vocês mergulharem no contexto e estimulá-los a pesquisarem também”, pontuou ela.
Para fazer os alunos imergirem ainda mais no contexto do século XIX, durante o dia, foram citados trechos do famoso livro de Joaquim Nabuco, “Minha Formação” (1910). Nele, o autor fala de suas vivências com adultos e crianças pretas, durante sua infância. Segundo o patrono da Fundaj, Massangana foi onde construiu a base de seus ideais abolicionistas.
Na última segunda-feira (15), o grupo teve um novo encontro no local para se aprofundar ainda mais nos conhecimentos sobre as exposições que serão inauguradas. Na ocasião, a historiadora Cibele apresentou ao grupo ricos conteúdos sobre artistas negros que falam sobre sua cultura e provocam reflexões importantes relacionadas ao racismo.
“Essa oficina de formação tem o objetivo de pensar o estabelecimento de pontes com a contemporaneidade. A proposta de hoje é entender cenários contemporâneos e as críticas que são feitas para chegarmos no que está sendo mostrado nessas novas exposições do Engenho’, afirmou Cibele.
Ao longo das horas, o grupo compartilhou exemplos de artistas negros que questionam questões sociais, e teve um diálogo aberto sobre a importância desse tipo de contribuição para o desenvolvimento saudável da sociedade. Em seguida, falando sobre as desconstruções presentes nas artes, Cibele explicou que as mesmas buscam a crítica, a ressignificação histórica e o protagonismo dos excluídos.
Ao final do dia, todos puderam conversar com o artista Jeff Alan, autor da exposição Pra deixar de ser "pra inglês ver", e com o museólogo do Muhne, Henrique Cruz, um dos curadores da exposição “Masanganu: memórias negras”. Ambas estarão abertas ao público a partir do próximo dia 19 de agosto, às 10h.