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Fundaj promove debate sobre tecnologia musical e Manguebeat no Rec’n Play 2022
Uma conversa sobre tecnologia musical, tendo como ponto de partida o movimento Manguebeat. Nesta quinta-feira (17), segundo dia de programação do Rec’n Play 2022, a Fundaj promoveu o Debate “Computadores fazem arte: mangue beat e tecnologia”, no Teatro Apolo, localizado no bairro do Recife.
Juntos, alguns dos idealizadores do Movimento Manguebeat, a mestra em design Maria Eduarda Belém, o jornalista e DJ Renato L e o designer e músico H.D. Mabuse bateram um papo sobre a efervescência da tecnologia musical nos anos 90 e levantaram a reflexão sobre a melhor forma de usá-la na contemporaneidade.
“Computadores fazem arte, artistas fazem dinheiro” é o trecho de uma música do “Da Lama ao Caos”, primeiro álbum de estúdio da antiga banda pernambucana Chico Science & Nação Zumbi, lançado em 1994. Na época, a intenção do compositor Fred Zero Quatro foi fazer uma reflexão sobre o grande espaço que a tecnologia estava ganhando nas produções musicais. “A imagem da antena parabólica enfiada na lama era um dos símbolos centrais do movimento no início. Tinham também as placas de computador presas ao corpo de Fred 04 e a figura de Chico sempre era associada à tecnologia”, afirmou o jornalista Renato L.
Em sua fala, a designer Maria Eduarda Belém frisou que a tecnologia é boa, mas antes dela, tem que vir a criatividade do ser humano. “A tecnologia é importante, é o recurso, mas tem que ter o pensar. Os meninos do Mangue tinham tudo na cabeça, mesmo que no começo não soubessem mexer nos botões. Eles tinham uma noção do que queriam, onde entravam as batidas. A capacidade humana de criar é fundamental e às vezes a tecnologia corre o perigo de ser limitante”, afirmou. Ela também trouxe o aspecto da união dos músicos da Cena: “uma coisa que se perdeu um pouco foi o senso de coletividade que era muito forte no Manguebeat, o que gerava a inteligência coletiva”, disse.
Já o músico Mabuse trouxe três definições para a tecnologia, como técnica, ideologia ou instrumento de dominação. “No tempo do Manguebeat, entendíamos muito sobre os dois últimos. Queríamos, em um contexto histórico de saída de ditaduras mundiais e vida cultural explodindo, gerar uma explosão de imaginação política e criatividade”, afirmou.
Vale frisar que o movimento Manguebeat completa 30 anos de criação este ano e está sendo homenageado pelo Rec’n Play 2022.
Até sábado (19), a Fundaj segue com sua programação no Festival, exibindo filmes, promovendo debates e realizando oficinas.