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Fundaj promove atividade para professores da Gerência Regional de Educação Recife Norte
A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) promoveu mais um ciclo de discussões e propostas educacionais contemporâneas, voltadas essencialmente ao universo das artes visuais e ciências sociais, para professores da Gerência Regional de Educação Recife Norte. Gratuita. A iniciativa, realizada na quarta-feira (23) na Sala Calouste Gulbenkian, no Campus Gilberto Freyre da Fundaj, em Casa Forte, foi coordenada pela Unidade de Artes Visuais da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj.
O primeiro momento do encontro foi marcado por uma palestra das arte-educadoras e colaboradoras da Unidade de Artes Visuais Nathalie Alves e Myllena Matos, com a introdução de jogos conceituais com verbetes como proposta pedagógica potente nos processos de mediação e práticas educativas a grupos escolares do Ensino Médio. A arte-educadora Nathalie Alves explicou que, por seu caráter multissemiótico e hipertextual, o gênero permite uma transmissão maior de conceitos de diversas áreas de conhecimento humano.
“Precisamos questionar de forma mais inventiva esse grupo social e, nesse sentido, os jogos são interessantes no processo. As palavras por definição são polissêmicas e plurissignificativas, entretanto não pode haver muito abstracionismo e cabe ao educador trazer esse educando para perto de uma explicação que não seja definitiva, mas que faça sentido”, elabora Nathalie Alves.
Em seguida, os participantes da formação foram direcionados pelas palestrantes à Galeria Baobá, no Edifício Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, para uma mediação pela exposição Sonoro Sereno, trabalho do VII Residências Artísticas da Fundaj, feito pela artista Géssica Amorim. A arte-educadora Myllena Matos discutiu sobre a expografia da mostra e promoveu práticas que exemplificam os verbetes, apresentados previamente ao grupo, durante a prática pedagógica.
“A Sono Sereno não é uma exposição necessariamente fotográfica, mas é envolta por vários registros, entre eles o da bisavó da artista Gessica Amorim, que enxerga sua pesquisa a partir desse lugar afetivo também. Não existe uma binaridade em torno desses registros, pensamos historicamente e contextualmente como elas se portam. De onde essas imagens partem e para onde elas vão? É o que a gente procura argumentar e instigar nessas mediações e propostas pedagógicas”, atesta Mylenna Matos.
Após visitação à exposição, o grupo retornou à Sala Calouste Gulbenkian para a palestra “A Juventude Brasileira na Necropolítica”, conduzida pela analista em gestão educacional da Coordenação Geral de Ensino Médio e Profissional (CGEMP), Beatriz Barros. A conferencista correlacionou a temática apresentada na mostra artística com o livro do filósofo camaronês Achille Mbembe, seguida por uma leitura coletiva do conto Mineirinho, da autora Clarice Lispector.
“As influências que a morte tem no nosso cotidiano tem a ver com o poder social e o poder político. Essas leituras são voltadas essencialmente aos países do sul global, onde o estado não só gerencia vidas, como também mortes. É importante reforçar isso porque quando falamos do contexto brasileiro, onde são os jovens negros, de baixa renda, residentes de comunidades periféricas, os mais afetados por essa necropolitica, torna-se evidente as escolhas políticas feitas que priorizam a morte à vida, através de práticas e discursos, regularizados por nossas instituições, as quais precisamos ser vigilantes”, conclui Beatriz Barros.