Notícias
Fundaj participa da Hora de Clarice em homenagem à escritora Clarice Lispector
Clarice Lispector renasce a cada novo leitor, a cada novo estudo dedicado à sua obra, a cada tradução que a consolida como uma das autoras de origem brasileira mais lidas no exterior. Sua personalidade enigmática e linguagem inovadora seguem forjando uma lenda localizada no presente, que ultrapassa a vida terrena e o título de uma das mais importantes literatas do século XX. Após 45 anos de sua morte, Clarice é aqui e agora. Para celebrar esse legado, comemora-se mais uma vez, neste 10 de dezembro - dia em que completaria 102 anos - a Hora de Clarice. Para somar a essa rede de homenagens, a Fundação Joaquim Nabuco preparou um vídeo em que a atriz Maria Fernanda Cândido recita trechos de três textos de Clarice Lispector: Declaração de Amor, Felicidade Clandestina e Temas que Morrem.
O recital, originalmente, fez parte da programação da I Festa Digital do Livro, evento promovido pela Fundaj em 2020 que homenageou Clarice. Na versão lançada agora pela Fundaj, o recital da atriz recebe imagens da escritora, de seus familiares, do casarão em que morou na Praça Maciel Pinheiro, centro do Recife, da estátua que fica na praça, entre outras. Desde a I Festa Digital do Livro, em que Clarice Lispector foi a homenageada, a Fundaj tem feito ações que exaltam o legado da escritora. “Clarice declarou seu amor pelo Recife em sua escrita. Cabe a nós, como Instituição, zelar pela sua memória”, destaca o presidente da Fundaj, Antônio Campos.
Na Festa Digital do Livro, em abril de 2020, durante as mais de 18 horas ininterruptas de transmissão, Clarice foi celebrada, em seu centenário, por meio de palestras, debates, entrevistas, recitais, filmes e programas de rádio e TV. Em setembro do mesmo ano, um selo comemorativo foi lançado pelos Correios, em parceria com a Fundação, também em homenagem aos cem anos de nascimento da escritora. Lançado em apenas duas capitais do país (Recife e Rio de Janeiro), o selo teve a arte confeccionada pela artista e neta da escritora, Mariana Valente.
Os esforços pela preservação do casarão onde Clarice viveu parte de sua infância no Recife também marcaram as ações da Fundaj em 2022. A proposta da instituição - que tramita no Ministério da Justiça e Segurança Pública - é restaurar o imóvel, localizado na Praça Maciel Pinheiro, no bairro da Boa Vista, e abrir um Centro Cultural em homenagem à Clarice no local. Para isso, a Fundaj concorre ao edital do Fundo de Direitos Difusos, que destina recursos voltados para vários segmentos, entre eles o de preservação de patrimônio.
A construção está protegida legalmente por meio do tombamento provisório em nível estadual pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e em análise preliminar no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para tombamento federal. Em outubro deste ano, o filho de Clarice, Paulo Gurgel Valente, esteve na Fundação em reunião com o presidente da casa, Antônio Campos, para discutir o projeto elaborado pela Santa Casa de Misericórdia - proprietária do sobrado há mais de 50 anos - que foi abraçado pela Fundaj. O Centro Cultural Casa Clarice Lispector seria voltado à memória da escritora, de modo a possibilitar a difusão do conhecimento da literatura brasileira, especificamente à memória da escritora.
No início de dezembro, o Cinema da Fundação recebe a pré-estreia do filme Clarice Lispector - A Descoberta do Mundo. O documentário dirigido por Taciana Oliveira sobre a vida e obra da escritora ucraniana naturalizada brasileira foi exibido em sessão aberta ao público, na Sala do Porto. O filme foi criado a partir de uma seleção de depoimentos da escritora e entrevistas com amigos e familiares em uma costura poética visual de trechos adaptados à sua obra.
Sobre a Hora de Clarice
A celebração, organizada pelo poeta Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do Instituto Moreira Salles (IMS) desde 2011, busca inserir as comemorações em memória da escritora no calendário cultural do Brasil e de outros países ao redor do mundo. Neste ano, o Instituto realizará no sábado (10), às 18h, será exibido o filme curta-metragem Perto de Clarice, de João Carlos Horta, de 1982. O filme inicia com a oração fúnebre hebraica e imagens do velório e do enterro de Clarice Lispector, repleto de amigos e familiares, no Cemitério Comunal Israelita do Caju, no Rio de Janeiro, um dia após o Shabbat do ano de 1977.
E termina com Clarice dizendo para a câmera da televisão: “Agora eu morri, vamos ver se eu renasço de novo”. Após o filme, terá um debate entre a escritora Heloisa Buarque de Hollanda, envolvida na realização do filme e viúva do diretor, e Teresa Montero, autora da mais recente biografia da escritora, À procura da própria coisa (Rocco, 2021), intermediada por Eucanaã Ferraz.
Sobre Clarice
Clarice Lispector, nome que recebeu no Brasil em substituição a Haia Lispector, nasceu em Tchechelnik, na Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920, filha caçula de Pinkhouss Lispector e Mánia Lispector. Fugindo da dominação comunista no país durante a guerra civil (1918-1921) após a Revolução Bolchevique de 1917, o casal foi obrigado a fazer escala na aldeia de Tchechelnik para que nascesse aquela que viria a ser um dos ícones da literatura brasileira. Menos de dois anos depois, com as filhas mais velhas, Tânia e Elisa, e a caçula, os Lispector partiram rumo ao Brasil, desembarcando em Maceió (AL), em 1922.
(*) Com informações do Instituto Moreira Salles