Notícias
Fundaj leva acervo de carnaval ao público e celebra os 120 anos de Capiba e Edgard Moraes
No ritmo de carnaval, a mostra "Capiba e Edgard Moraes: 120 anos de frevo" foi aberta com frevo na quarta-feira (31) reunindo capas de discos, boneco gigante do mestre Capiba, partituras, fotos, documentários, acervo de família e curiosidades sobre os dois ícones da cultura pernambucana. A mostra é uma realização da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), por meio do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra), equipamento vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca). Está instalada na Sala de Leitura Nilo Pereira, no campus Ulysses Pernambucano da Fundaj, na Rua Henrique Dias, no Derby. Ficará aberta ao público até 29 deste mês, de segunda a sexta, das 9h às 17h.
“Este é um momento muito significativo. Ter aqui presente os familiares e amigos dos homenageados, pessoas que têm colaborado com a cultura pernambucana. Gosto de repetir que o povo sem memória não tem identidade. Temos nos esforçado para difundir e preservar este rico acervo”, disse a presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, durante a abertura. A presidenta adiantou que em sua gestão foram solicitados e obtidos junto ao Ministério da Educação recursos para preservação do acervo da Instituição.
Diretor da Dimeca, Túlio Velho Barreto ressaltou que esta iniciativa de difusão do acervo na Sala de Leitura Nilo Pereira deverá acontecer a cada dois meses, com temáticas distintas. “Essa mostra é fundamental. É um pouco do que a Fonoteca da Fundação Joaquim Nabuco tem. A ideia é de a cada dois meses realizar um evento neste espaço, que mostre esse acervo e o trabalho que é realizado pelos pesquisadores, pesquisadoras e analistas da Fundação”, afirmou.
A coordenadora-geral do Cehibra, Nadja Tenório, destacou que “neste ano, pelo menos mais seis mostras com temas diversos e acervo da Fundaj vão poder ser degustadas pelo público, oportunizando a máxima divulgação e conhecimento do acervo de quase 900 mil itens”. O acervo fonográfico do Cehibra, ressaltou, é o maior do Nordeste, contando com 16 mil discos de 78 rotações, 6 mil LPs, 3 mil fitas K7,4 mil CDs, além de peças gráficas e encartes.
A curadora da mostra "Capiba e Edgard Moraes: 120 anos de frevo", Elizabeth Carneiro, servidora da Fundaj que atua na Fonoteca, salientou a importância de levar o material para além dos arquivos. “É enriquecedor poder levar ao grande público um acervo que está em arquivo fechado e por isso não pode ser visto em Museus. Assim, o público pode contemplar, conhecer. E esses arquivos passam a ter esse caráter pedagógico, educativo dentro de um espaço de exposição”, celebrou.
Também participaram da abertura da mostra, a coordenadora do Centro de Documentação e Pesquisa Cedoc/Cehibra), Sylvia Couceiro, familiares de Edgard Moraes e convidados. A filha de Edgard, Inajá Moraes agradeceu dizendo que o pai deixou uma obra extensa e alegre que reúne até hoje filhos, sobrinhos, netos e bisnetos na mesma harmonia do trabalho deixado por ele. “Há 36 anos mantemos o coral Edgard Moraes em sua homenagem, além de participarmos do Bloco da Saudade, para o qual ele fez o hino ‘Valores do passado’”, comentou.
Acervo
O acervo da Fonoteca da Fundaj começou a ser formado em 1981, pelo radialista, pesquisador fonográfico e ex-servidor da Instituição Renato Phaelante. Na abertura da mostra, Phaelante recordou a convivência com os homenageados. Sobre Capiba, citou a alegria e o bom humor e lembrou do premiado livro “Capiba é Frevo Meu Bem” (1986) que escreveu em parceria com o jornalista Aldo Paes Barreto. Phaelante destacou o material produzido para o evento de 100 anos de Capiba e Edgar Moraes. E como mais memorável dos ícones do frevo citou as histórias acerca das marchas de blocos de Edgar e a participação do compositor nos desfiles de blocos tocando nas bandas de pau e corda.
Os homenageados
Nascido em Surubim, Agreste pernambucano, Capiba compôs mais de 200 músicas. Iniciou sua carreira em 1931 e transitou por gêneros como valsas, sambas, frevos e maracatus, estes últimos com maior destaque em sua obra, a exemplo do frevo “É de amargar” (1934) um dos mais tocados em Pernambuco. Edgard Moraes nasceu no Recife. Além de composições de frevos cheios de lirismo e saudade, fundou vários blocos, como Pirilampos, Turunas de São José, Lobos de Afogados, Camponeses em Folia e Corações Futuristas, ficando conhecido como “general de cinco estrelas da folia”.