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Fundaj lamenta morte de Dona Duda da Ciranda
A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) lamenta a morte de Dona Duda, um dos principais ícones da ciranda em Pernambuco. A artista, conhecida pelo título de “criadora” do ritmo no estado, faleceu na quarta-feira (5), aos 98 anos, em casa, no bairro do Janga, em Paulista, onde passou a maior parte da vida. Nascida em Jaboatão dos Guararapes, a mestre cirandeira produziu uma vasta obra, que inclui mais de 200 composições.
Em 10 de maio do ano passado, nas celebrações pelo Dia da Ciranda, Dona Duda foi homenageada por iniciativa da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj, que produziu o documentário “Dona Duda da Ciranda”, disponível no YouTube da instituição. A película resgata histórias e reúne depoimentos sobre a importância dela para a cultura pernambucana, além de exibir apresentações musicais de Ed Carlos e as cirandeiras Dulce e Severina, filhas do Mestre Baracho.
“Foi com pesar que recebi a notícia sobre a morte de Dona Duda. No ano passado, tive a honra de homenageá-la. Na Praia do Janga, no município do Paulista, ela consolidou o ritmo, um dos mais emblemáticos de Pernambuco. Tive a honra de receber Dona Duda no gabinete, na Fundaj, para a entrega da placa”, ressaltou o presidente da Fundaj, Antônio Campos. Na ocasião da entrega da placa, no gabinete da presidência da Fundaj, Dona Duda falou sobre a emoção de ser reconhecida em vida. “Eu, que adoro falar, estou sem palavras para agradecer esse gesto”, disse a cirandeira.
Filha de Dona Duda, Jaqueline de Souza Paz diz que o reconhecimento foi um momento de “muita felicidade” para a cirandeira. “Ela ficou muito feliz, até porque foi uma homenagem ainda em vida. Ela lutou muito para dar continuidade à ciranda até onde pôde. Era uma guerreira, realmente”, comentou. Por causa de um câncer na tireoide, Dona Duda parou de cantar na década de 1970, mas nunca deixou de promover as rodas de ciranda. Mais recentemente, a artista descobriu um câncer no pulmão, em metástase. O enterro será no Cemitério Parque das Flores, no Recife. Ela deixa dois filhos, além de netos e bisnetos.
História
Batizada Vitalina Alberta de Souza Paes, Dona Duda nasceu no dia 16 de abril de 1923, em Jaboatão dos Guararapes. Mas foi já morando na praia do Janga, em Paulista, como dona do Bar Cobiçado, que popularizou o ritmo da ciranda a partir dos anos 1960, com rodas que, inicialmente, reuniam as famílias de pescadores locais. O sucesso dos encontros e das apresentações fez o estabelecimento se tornar ponto turístico da cidade, recebendo visitantes de diferentes regiões do Brasil. “Era tanta gente que vinha… Do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro. Todo mundo dava a mão um para o outro. Era rico, era pobre, era preto, era branco”, recordou a artista em depoimento ao documentário.