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Fundaj inicia pesquisa de campo sobre condições artesãs no Nordeste
A primeira ação da pesquisa da Fundação Joaquim Nabuco sobre as condições artesãs no Nordeste brasileiro aconteceu nesta segunda-feira (9), em Pernambuco. Nesse primeiro dia de atividades, os pesquisadores envolvidos na proposta realizaram visitas técnicas aos Centros de Artesanato de Pernambuco e no do Cabo de Santo Agostinho, que é onde o Mestre Nena trabalha. Os encontros foram ricos em observação, escuta, diálogo e muito aprendizado.
O Projeto “Artesanato no Nordeste Hoje: políticas públicas, gestão e condição artesã” é coordenado pelo professor e pesquisador da Fundaj, Diogo Helal. A iniciativa se debruça sobre o tema em quatro estados da região Nordeste: Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Ceará. “Esse projeto é uma construção horizontal. Ao longo do processo de quatro anos, vamos construindo juntos. A ideia dessa etapa inicial é nos relacionarmos, visitar os artesãos e acolher o ponto de vista de cada pesquisador”, afirmou Diogo.
Integram o projeto, pesquisadores da Fundaj, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Antes de sair para a pesquisa de campo, o grupo se reuniu no Campus Anísio Teixeira da Fundaj, em Apipucos. Eles trocaram ideias sobre conhecimentos prévios em relação ao contexto do artesanato nas regiões nordestinas. Falaram sobre carências da área, organizações de incentivo, feiras, turismo e benefícios das políticas públicas já existentes.
“Em setembro, queremos ter em mãos a relação de mestres, artesãos e associações. Faremos um mapeamento numa tabela para decidirmos próximos passos e até onde teremos pernas para ir. Precisamos conversar muito entre a gente para definirmos horizontes”, afirmou o professor Márcio Sá, da UFPB, que também é coordenador do projeto.
No decorrer da reunião, ainda foram levantadas possibilidades de diálogos com outras áreas da Fundaj, como com o Museu do Homem do Nordeste (Muhne). Terminada essa conversa inicial, os 10 pesquisadores presentes partiram para o Centro de Artesanato de Pernambuco. Lá eles tiveram um tempo de observação e entendimento sobre o mercado de artesanato.
Depois do almoço, a visita foi no Centro de Artesanato Arq. Wilson Campos Júnior, localizado no Cabo de Santo Agostinho. Chegando lá, além da observação, o grupo teve a oportunidade de escutar e dialogar com o Mestre Nena, ceramista da região, sobre aspectos sociais e técnicos do seu ofício. Quando questionado sobre o porquê de jovens desistirem da área, o trabalhador explicou que outras coisas “enchem mais os olhos”. “Meu filho não quis por causa das condições de vida. Hoje ele está formado, mas foi criado com a renda do artesanato. A vida do artesão é difícil. É pra quem gosta mesmo. Mesmo aprendendo rápido, muita gente prefere um trabalho que tenha uma estabilidade garantida. Falta incentivo, falta bolsa para os jovens”, afirmou.
Segundo dia de visitas técnicas
Para encerrar o primeiro ciclo de visitas técnicas na Região Metropolitana do Recife, o grupo ainda encontrará com mais dois mestres: Mestre Abias e Mestre Roberto Vital. A programação acontecerá nesta terça-feira (10), e ao final do dia, será realizada uma reunião de equipe no Campus Anísio Teixeira da Fundaj, em Apipucos. Eles acompanharão a apresentação dos resultados do Projeto Rede Artesanato Brasil, conhecerão alguns dados já coletados para o projeto em curso e avaliarão as visitas técnicas.