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Fundaj inaugura exposição com obras de mulheres cordelistas
Foi inaugurada na terça-feira, 29 de outubro, a exposição “Folhetos de Cordel - O Que Contam as Mulheres”, que homenageia as mulheres cordelistas presentes no acervo da Biblioteca Blanche Knopf, vinculada à Coordenação Geral do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra), da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
O lançamento ocorreu na Sala de Leitura Nilo Pereira, no campus Ulysses Pernambucano da Fundaj, no Derby, e reuniu amantes da literatura de cordel. Estiveram presentes o diretor da Dimeca, Túlio Velho Barreto, a coordenadora do Cehibra, Nadja Tenório, a coordenadora da Biblioteca Blanche Knopf, Veronilda Barbosa, e a cordelista Érica Montenegro de Melo.
Emocionada, Érica, que ganhou uma área especial na exposição dedicada aos seus cordéis, agradeceu à Fundaj e destacou a crescente presença feminina no estilo literário. “Estar aqui, nesse espaço de cordelista, é uma honra. Primeiro, porque não estou sozinha; o empoderamento que a palavra ‘cordelista’ me dá é resultado do trabalho de muitas mulheres. Uma delas é Maria das Neves Batista Pimentel, esposa de Altino Alagoano. O primeiro cordel dela precisou ser publicado em nome do marido, pois, há quase cem anos, a situação era muito diferente. Hoje, já há um número significativo de mulheres nesse espaço. Em todos os lugares onde a literatura cabe, a literatura de cordel também tem espaço, e sempre haverá uma mulher lá, pois estamos ocupando um lugar que é nosso”, afirmou.
O diretor Túlio Velho Barreto ressaltou a importância da mostra e o momento vivenciado na Fundaj. “Estamos vivendo um período bastante especial na Fundação Joaquim Nabuco. Desde o ano passado, pela primeira vez, tivemos a escolha de uma presidenta, Márcia Angela Aguiar, que assumiu a Fundaj, criada em 1949. Este é um momento significativo, especialmente com um trabalho feito por cordelistas mulheres, inspirado na exposição ‘Elas’, do Museu do Homem do Nordeste. É ótimo ter Érica aqui como parceira. O cordel é uma riqueza cultural que faz parte da identidade da nossa região, especialmente do nosso estado. Parabenizo a todas as presentes: Veronilda, pela ideia inicial, e Érica, que colaborou para que a exposição ocorresse”.
Aberta ao público, a mostra integra as comemorações dos 75 anos da Fundaj e dos 70 anos da Biblioteca, exibindo 69 folhetos sobre temas como personalidades notórias, humor, política, vida sertaneja e questões de gênero. O acervo total já conta com mais de 5 mil folhetos de cordel! A curadoria foi realizada por João Vitor e Luana Rodrigues, da equipe da Biblioteca.
Segundo Veronilda, a exposição lança luz sobre uma questão provocativa: apenas 2% dos cordéis no acervo foram escritos por mulheres. “Começamos a explorar o que temos de folhetos de cordel. Inicialmente, achávamos que tínhamos pouco mais de 3 mil, mas descobrimos que temos mais de 5 mil. Durante esses estudos, verificamos que, desses 5 mil, apenas 2% são escritos por mulheres. Isso nos levou a refletir sobre essa escassez e, de certa forma, a exposição traz essa provocação”, pontuou.
“É ótimo ter esse trabalho, pois podemos trazer o acervo para que as pessoas conheçam, especialmente o de mulheres cordelistas. A presença de uma cordelista no lançamento é muito especial”, concluiu Nadja Tenório, referindo-se à presença de Érica. A mostra permanece aberta ao público até 29 de novembro, com entrada gratuita. Nela, o visitante encontrará uma “árvore de cordéis”: é só escolher um ou mais e ler à vontade. O horário de funcionamento segue o da Sala de Leitura, das 9h às 12h e das 13h às 17h.