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Fundaj inaugura bancos vermelhos em ação de enfrentamento à violência de gênero
Transformar luto em luta. Esse foi o objetivo de Andréa Rodrigues ao fundar o Instituto Banco Vermelho (IBV), referência nacional em ações de enfrentamento à violência de gênero. Nesta sexta-feira, a ativista esteve na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) onde, ao lado da presidenta da instituição, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, inaugurou dois bancos vermelhos nos jardins do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), no campus Gilberto Freyre, em Casa Forte.
“Esse momento traduz a luta pela dignidade humana. A luta pelas mulheres é por uma sociedade que propicie dignidade a todos e a todas, onde todos tenham o seu lugar e sejam respeitados. A Fundação Joaquim Nabuco tem uma história em que a defesa desse direito está permanentemente impregnada nas suas atividades e nas suas ações”, assinalou a presidenta Márcia Angela. Além da cor do movimento, os bancos de madeira são adesivados com chamadas pelo fim do feminicídio, com o objetivo de provocar reflexão e sensibilizar a população que frequenta espaços como a Fundaj.
Pernambuco é o estado com maior número de feminicídios no Nordeste e registrou 312 crimes violentos contra mulheres em 2023. “Nós precisamos democratizar os ambientes de fala. Nós não podemos admitir que uma mulher seja morta pelo fato dela ser mulher. Estar aqui na Fundaj para a gente é uma conquista imensa, cada porta aberta para a gente é um grito que ecoa com nós de que nós não vamos mais aceitar essa realidade”, destacou Andréa Rodrigues.
Para o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), Túlio Velho Barreto, a ação “é um momento muito importante e muito significativo”, que sinaliza, ainda, o momento em que, após 75 anos, a Fundaj tem uma mulher como presidenta e o Muhne questiona, através da exposição “Elas: onde estão as mulheres nos acervos da Fundaj?”, a invisibilidade da produção feminina na sociedade.
A mobilização para a instalação dos equipamentos foi do pesquisador da Fundaj César Mendonça e teve início em agosto de 2024, em meio à inauguração da exposição Elas e à sanção da Lei nº 14.942/2024, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que inclui os bancos nos esforços relacionados ao Agosto Lilás, campanha do Governo Federal para o combate à violência contra a mulher.
Também estiveram no evento a diretora de Planejamento e Administração (Diplad), Aida Monteiro, a coordenadora de Exposições do Museu do Homem do Nordeste, Silvana Araújo, a coordenadora de Ações Educativas e Comunitárias do Muhne, Edna Silva, o coordenador geral do Muhne, Moacir dos Anjos, a assessora institucional, Mônica Monteiro, o presidente da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE), Luiz Fernandes Dourado, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e conselheiro Nacional de Educação, Heleno Araújo, a secretária de Assuntos Educacionais da CNTE e coordenadora da Escola de Formação da CNTE, Guelda Andrade, a Editora da Revista Retratos da Escola, Leda Scheibe (UFSC), a presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), Miriam Fábia Alves, e o ex-deputado federal e membro da ANPAE, Carlos Abicalil.
Atuação feminina
Em meio ao lançamento dos bancos vermelhos, o presidente da CNTE, Heleno Araújo, destacou a importância deste evento ser realizado na Fundaj. "A vinda à Fundaj é um momento histórico, importante dentro da nossa atuação histórica. Tivemos a oportunidade de lançar os bancos em uma instituição que já conta com uma exposição permanente sobre as mulheres. É preciso conhecer essa exposição e o movimento dos bancos para, de fato, combater o feminicídio em nosso país. A Fundaj contribui com esse momento por meio de suas ações. E devemos comemorar momentos como esse. Ter uma mulher como a primeira presidenta da Fundaj é histórico e muito importante para nós. É isso que queremos: direitos iguais. No governo do presidente Lula há um esforço concreto para que isso aconteça, com leis, programas e projetos.
Já Miriam Fábia ressaltou o impacto da exposição Elas. "É um impacto muito forte sobre a presença feminina no campo das artes, mas também nos leva a refletir sobre onde elas estiveram ao longo da história — onde aparecem e onde permanecem invisíveis. A exposição mexe com a gente nesse sentido: de pensar essa trajetória feminina. E a Fundaj nos provoca a refletir sobre isso. Nas minhas aulas de políticas educacionais, eu cito uma das partes da exposição, pela forma como ela retrata as mulheres. As mulheres, com suas múltiplas competências, precisam ocupar esses espaços. É um lugar de fazer e de liderar. Ter mulher na Fundaj, na presidência, é fundamental. As pautas são encaradas de maneira muito distinta quando há mulheres nesses lugares.