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Fundaj homenageia Celso Marconi com filmes e debate
No próximo domingo (7) o Cinema da Fundação prestará homenagem a Celso Marconi exibindo seu curta-metragem “Recife 0 Km” (1980) e duas produções contemporâneas sob direção de Paulo de Sá Vieira e Helder Lopes: a ficção “Apolo” e o documentário “Um filme Com Celso Marconi” (ambos de 2022). A sessão, às 16h no Cinema da Fundação/Derby, será seguida de debate com os realizadores Paulo Vieira e Helder Lopes. O acesso é gratuito e os convites serão disponibilizados uma hora antes da sessão. Jornalista, crítico de arte, professor, curador e realizador cinematográfico, o pernambucano Celso Marconi Lins faleceu na terça-feira (2), em Olinda, aos 93 anos.
Coordenador do Cinema da Fundação e autor da biografia "Celso Marconi: O senhor do Tempo", Luiz Joaquim ressalta que Celso Marconi é um nome pelo qual todos que aprenderam sobre a cultura e o cinema pernambucano desde os anos 1950 deveriam reverenciar. “Com o seu sorriso doce e firmeza intelectual na escrita analítica sobre a arte, compartilhou sua inteligência e ensinou muitas gerações sobre o melhor de nós mesmos. Celso nos deixa órfãos mas energizados pelo seu imenso e incomparável legado", afirma.
Sobre os filmes exibidos no próximo domingo, Recife 0 Km (1980, formato original, Super8) é dirigido por Celso Marconi. Com Jormar Moniz de Britto - 18 min. Sinopse - Pela lente atenta de sua Câmera Super-8, Celso Marconi registra a poeticidade de um Recife Antigo que já não existe mais. Dá espaço às pessoas que, em sua simplicidade, compunham a paisagem urbana de uma cidade esquecida. Com performance de Jormard Muniz de Britto e poemas de Rodolfo Aureliano na voz de Trudy Keusen.
Apolo (2022, digital), dirigido por Paulo de Sá Vieira. Com Celso Marconi, Marcos Pergentino e Luca Mota - 20 min. Sinopse - Um projecionista de um cinema de rua vive sua rotina de trabalho até que um antigo frequentador vai ao local. Uma estranha relação se estabelece entre eles
Um filme com Celso Marconi (2022, digital), De Paulo de Sá Vieira e Helder Lopes. Com Celso Marconi - 22 min. Sinopse - Entre quadros e fotografias, ora diante de um tablet, ora de uma câmera, o crítico e cineasta Celso Marconi conversa com dois realizadores sobre um filme cujo objeto é ele próprio.
Celso Marconi
Recifense nascido em 1930 no bairro do Poço da Panela, Zona Norte do Recife, Celso Marconi começou no jornalismo ainda na década de 1950, escrevendo para três jornais: Folha do Povo, o Jornal Pequeno e o Diario de Pernambuco. Cobria pautas de política e assinava artigos e entrevista com personalidades da cultura. Sua primeira crítica de cinema foi assinada em 1954 sob o pseudônimo "João do Cine" e analisava o filme brasileiro "Agulha no Palheiro". O texto foi publicado no jornal Folha do Povo. Era o início de uma carreira que o levou, já em 1962, a ser convidado a fazer parte da equipe da edição Nordeste do Última Hora, de Samuel Wainer, onde assinava uma coluna de cinema. Dois anos depois, na época da ditadura militar, foi preso e ficou detido por quatro meses.
Só voltou à grande mídia dois anos depois, no Jornal do Commercio. Lá, passou mais de 20 anos como crítico de cinema, música, artes plásticas e cênicas. Mas paralelo aos jornais, pensava, fazia cinema e lecionava no curso de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco. Junto com Fernando Spencer, criou o projeto Cinema de Arte, iniciando gerações do Recife no cinema e trazendo para cá exibições de diretores como Kurosawa, Godard, Bergman e Truffaut.
Também buscou políticas públicas para a área, sendo um realizador do cinema Super-8, com cerca de 20 filmes lançados na década de 1970. Ainda na área de imprensa, assumiu a editoria do Suplemento cultural, publicado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), e a gestão do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco. Após esse período, passou a escrever artigos e críticas cinematográficas que publicava em suas redes sociais.