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Fundaj é parte importante da memória musical recifense
Nesta semana, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) concedeu ao Recife o título de "cidade da música", condecoração dada desde 2004 a cidades do mundo inteiro em prol de uma cooperação internacional de locais que investem em criatividade. A capital pernambucana sempre foi uma fonte não só de grandes artistas durante toda a história da música brasileira, mas também importante polo de iniciativas em eventos, pesquisas e memórias musicais.
Na Fundação Joaquim Nabuco, a preservação, o debate e o estímulo à novos e velhos artistas estão em pauta durante todo o ano. A começar pelo acervo fonográfico da Fundaj, o maior do Nordeste, fundado em 1981 e contando com cerca 16 mil discos de 78 rotações, 6 mil LPs, 3 mil fitas K7, 4 mil CDs, além de materiais como igualmente importantes como peças gráficas e encartes. Atualmente, ele passa por um processo de digitalização, no qual, além de torná-lo ainda mais acessível para pesquisadores e entusiastas, é também uma ação essencial para sua preservação.
"É um processo de importância muito grande, em especial ao levarmos em conta a fragilidade dos diversos materiais de nosso acervo. Uma consulta, por exemplo, à um disco de 78 rpm, que possui uma grande fragilidade, possui um grande risco de danificação com um manuseio inapropriado. Então é importante que a gente faça essa migração digital para nossos servidores para que os usuários possam fazer suas consultas de forma mais fácil e segura", explica Lino Madureira, coordenador do Centro de Documentação e Pesquisa, parte da Coordenação-Geral de Estudos da História Brasileira (Cehibra).
Madureira destaca que se trata de um acervo em constante crescimento, sempre recebendo novos materiais para serem preservados. O processo de digitalização passou por ciclos que abarcou os discos de 78 rotações, os LPs, as fitas e os CDs, passando agora pelo trabalho com as peças gráficas, que são fontes importantes de pesquisa por si só e também por abrigarem importantes informações técnicas, incluindo músicos envolvidos, letras e outros detalhes de produção.
“É importante também a forma como esse acervo dialoga com outros que possuímos na Fundaj. Pesquisadores podem consultar discos, mas também analisar jornais microfilmados do período em que esses álbuns foram lançados, assim como livros e todo o material iconográfico. É uma pesquisa que se complementa por meio dessas engrenagens importantes”, destaca o coordenador
A trajetória de nomes que foram parte importante dessa consolidação do Recife como um local de tanta fertilidade musical também podem ser conhecidas por todos através de produções presentes em nosso canal no YouTube. Por lá, estão presentes documentários sobre nomes como Capiba, Ascenso Ferreira e Dona Duda. Nesta mesma semana, estreia a produção “A poesia de Edgard Moraes'', produção da Massangana Audiovisual, perpassando a vida e a obra desse grande nome do frevo e do carnaval pernambucano.
O frevo, aliás, é um ritmo que encontra um bom abrigo na Fundaj, em especial com o Concurso Nordestino de Frevo, realizado neste ano. O projeto foi lançado na mesma semana em que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional revalidou o ritmo como Patrimônio Cultural, premiando artistas nas categorias Frevo de Rua, Frevo de Bloco, Frevo-Canção, Intérprete, Arranjo e Hino para a Troça Turma da Jaqueira Segurando o Talo, com objetivo de estimular artistas do ritmo. Os vencedores foram anunciados em agosto e o Maestro Duda, um dos principais nomes da música pernambucana, foi o homenageado da edição.