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Fundaj e Correios lançam releitura do Selo Postal Olho de Boi em tarde animada no Museu do Homem do Nordeste
Em parceria com a Superintendência Estadual dos Correios em Pernambuco, o Museu do Homem do Nordeste (Muhne), equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), da Fundação Joaquim Nabuco, promoveu, neste sábado (5), o lançamento da releitura do primeiro selo postal brasileiro, o Olho de Boi.
Participaram da solenidade de lançamento do selo o diretor de Pesquisas Sociais da Fundaj, Wilson Fusco, representando a presidenta da instituição Federal, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, a coordenadora de Negócios e Operações dos Correios, Márcia Lima, representando a superintendente Deyse Viana Ferraz, o museólogo Henrique Cruz, do Museu do Homem do Nordeste, a coordenadora de Ações Educativas e Comunitárias do Muhne, Edna Silva, e os filatelistas Ginaldo Bezerra e Fernando Lucena Filho, representando colecionadores de selo e amantes do colecionismo.
Emitido em 1º de agosto de 1843, os “Olhos de Boi”, de 30, 60 e 90 réis, deram início à cultura de selos postais no Brasil e são considerados os primeiros do gênero no País. Sua releitura chega pelas mãos do artista Fábio Lopez, que usou a computação gráfica para adicionar (pós-)modernidade aos três selos originais, que ganharam cores marcantes, porém, mantendo os arabescos característicos da obra homenageada. O resultado remete à arte pop, que tem o estadunidense Andy Warhol como um de seus maiores representantes.
Após o lançamento do selo, houve a obliteração, na qual os presentes puderam marcar o selo com um carimbo personalizado, representando a oficialização da marca. “É uma enorme satisfação continuar a parceria de longa data com os Correios. É um privilégio para a Fundação Joaquim Nabuco poder participar desse lançamento em comemoração aos 180 anos do Olho de Boi, esperamos comemorar juntos os seus 190 anos. A Fundação tem relação direta com a produção de conhecimento, cultura e memória e isso está muito ligado com esse evento”, afirmou o diretor Wilson Fusco.
“Ao celebrar esta data tão marcante, não apenas homenageamos um pedaço significativo da história dos Correios no Brasil, mas também reconhecemos a importância do sistema postal na formação e desenvolvimento da nação. O selo do Olho de Boi representa não apenas um pedaço de papel com estampa, mas sim uma mensagem poderosa que há 180 anos uniu pessoas, aproximou corações e contribuiu para o crescimento econômico e cultural do País. Agradeço a parceria com a Fundaj, ela é fundamental para representação e difusão de nossa rica história e patrimônio cultural”, afirmou Márcia Lima, dos Correios.
Por sua vez, o museólogo e filatelista Henrique Cruz, que representou o coordenador-geral do Museu do Homem do Nordeste, Moacir dos Anjos, destacou a importância do evento para o equipamento cultural. “Foi uma tarde ótima, é importante trazer esse movimento ao Museu, com diferentes públicos, essa atividade é iniciativa de um grupo de educadores da coordenação de Ações Educativas e Comunitárias. Há 30 anos estive na exposição Brasiliana, no Rio de Janeiro, uma grande exposição, lá tive oportunidade de ver a folha completa do Olho de Boi e a partir daquela vivência com a exposição fiz o curso de filatelia, algo que influenciou na minha escolha pela museologia”, afirmou Henrique, que destacou em sua fala filatelistas históricos de Pernambuco como Manoel Cícero e a Sociedade Filatélica do Estado.
Estão em exposição três exemplares originais de Olhos de Boi de 30, 60 e 90 réis, no Museu do Homem do Nordeste. Também estão em exposição reproduções de correspondências e exemplares raros e importantes dos selos, como por exemplo a única folha completa do Olho de Boi de 60 réis, que pertenceu na década de 1950, ao filatelista pernambucano Mário de Souza. “Não podemos deixar de lembrar que no acervo da Fundaj há selos postais e correspondências, cartões postais e cartas enviadas de diferentes países usando selos postais”, observou Henrique Cruz.
Olho de Boi
O Olho de boi tornou o Brasil o segundo país do mundo a emitir selos postais, atrás apenas da Inglaterra, que havia lançado o Penny Black três anos antes, em 1840. Enquanto a Inglaterra estampou o perfil da Rainha Vitória no Penny Black, no Brasil, a ideia de colocar a imagem de D. Pedro II em um objeto que seria “manchado” por um carimbo na postagem e que poderia ser rasgado e jogado no lixo não foi julgada adequada. Assim, o Olho de boi saiu apenas com os valores impressos, de 30, 60 e 90 réis. Cada valor foi decorado com arabescos florais, e o formato arredondado da imagem final lembrava um olho de boi, daí o apelido, que virou nome oficial do selo.
A emissão do Olho de boi revolucionou o tráfego postal brasileiro ao introduzir o pagamento pela carta no ato da postagem. Antes dele, quem pagava pelas correspondências era o destinatário, no ato do recebimento. A mudança foi parte de uma reforma postal, aprovada pelo Congresso em 1842, que, entre outras inovações, modificou a forma de taxação das cartas.
Além do lançamento do selo, houve uma extensa programação em homenagem ao tradicional sinete nas dependências do Campus Gilberto Freyre, em Casa Forte.
Feira de multicolecionismo e exposição de carros
A programação do evento também contemplou os entusiastas dos selos postais, documentos históricos e cultura pop com a promoção de uma feira de multicolecionismo. Das 13h às 17h, entre vinis, miniaturas de carros e action figures, as pessoas podiam vender e trocar entre si os itens colecionáveis.
Simultaneamente a feira, uma exposição de carros antigos em parceria com o Clube do Fusca de Pernambuco, também integrava o espaço do Museu do Homem do Nordeste. Foram expostos alguns modelos do popular automóvel, com destaque, inclusive, para o único exemplar que destoava dos polidos Fuscas: uma Volkswagen Kombi, modelo 2012, com customização inspirada no desenho animado americano Scooby-Doo.
Aberta ao público, os colecionadores puderam se juntar também em uma grande mesa reservada no hall do Muhne para comercializar e permutar selos postais das suas coleções pessoais. Um desses filatelistas foi o professor Benedito Correia, que afirma não ser sua primeira feira temática, mas possuir um grande apreço por iniciativas como essa promovida pelo equipamento cultural da Fundaj.
“Coleciono selos postais da Alemanha e Brasil e para mim isso já é um hobby antigo. Tenho 60 anos de idade e comecei a colecionar aos 13. Lembro-me de me fascinar pela imagem, dos selos bonitos de Monteiro Lobato, lançados em 1973, que estampavam a Narizinho e o Visconde de Sabugosa e aí juntei outros parecidos com esses. À época, encontrei uma freira alemã que tornou-se minha amiga e foi ela quem começou a me fornecer selos. Depois disso não parei mais!”, relembra Benedito Correia.
Correio do Bem
O Museu também incentivou a atividade “Correio do Bem”, na qual, com o auxílio dos monitores do educativo, o visitante podia escrever uma carta para quem desejasse. Neste sábado, no dia do lançamento do selo de 180 anos, estas correspondências serão enviadas pelos correios até os endereços postais. Em cada carta escrita contará um convite do Muhne para a “Primavera dos Museus” e um brinde, que a depender da localidade do destinatário, poderá ser um ingresso para o museu ou para o cinema, um livro da editora massangana, entre outros benefícios.
O fisioterapeuta e filatelista Marcos André dos Santos, reforça a importância do evento de comemoração do selo mais antigo do Brasil ser aberto ao público e com a promoção de atividades como o Correio do Bem. Entusiasta da prática colecionadora desde os 12 anos de idade, Marcos André participou da atividade promovida pela Muhne com um intuito afetivo. “Enviei a carta para minha mãe, pois foi ela que me incentivou no caminho das artes e do universo da história colecionista. Acho essa uma iniciativa interessante, que resgata o nosso passado e outras formas de comunicação que devem ser mantidas. Com o perdão da piada, foi uma cartada genial do Museu”, conclui o filatelista.