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Fundaj apresenta pesquisa sobre Sionismo Cristão na América Latina
Uma pesquisa sobre representantes religiosos e políticos do Brasil e da Guatemala que apoiam uma aproximação política, social e religiosa de Israel. Nesta quinta-feira (1º), foram apresentados resultados preliminares do estudo “O crescimento do Sionismo Cristão na América Latina”, projeto de pesquisa da Fundaj, em parceria com as universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Estadual de Campinas (Unicamp) e Wilfrid Laurier, do Canadá.
Ações de turismo, políticas, econômicas e ideológicas em favor de Israel, por meio de católicos e evangélicos, foram analisadas na pesquisa. Conduziram a programação, os pesquisadores responsáveis pelo projeto: Joanildo Burity (Fundaj), Maria das Dores Campos Machado (UFRJ), Cecilia Mariz (UERJ), Brenda Carranza (Unicamp) e Paul Freston (Wilfrid Laurier - Canadá).
Um dos pontos observados é que governos têm mudado cada vez mais suas políticas numa direção pró-Israel. Para estudos de casos, os pesquisadores escolheram o Brasil, que tem significativa força política evangélica, e a Guatemala, que tem uma longa tradição de envolvimento com Israel. Para introduzir o assunto, também foram mencionadas as diferentes definições de Sionismo Cristão na história. O fenômeno é antigo e diverso e pode ter várias motivações, como a profética, a de prosperidade, de pacto, cultural e humanista. “Essa pesquisa se dá também porque na Europa há muito estudo sobre Sionismo Cristão, mas no sul global existe pouquíssimo”, afirmou Paul Freston.
Participando de forma remota, a pesquisadora Maria das Dores Machado expôs alguns dados do Brasil. No estudo, foi possível identificar tipos de sionismos em 170 discursos de parlamentares evangélicos, proferidos entre os anos de 2003 e 2019. Por sua vez, a pesquisa Cecilia Mariz falou do “imaginário sionista”. “Observamos o incentivo a viagens para Israel nos discursos de pastores sionistas. Muitos organizam idas para lá e fomentam o turismo com a imagem do Israel mítico. Na peregrinação por Israel, os fiéis o veem de forma encantada e a maioria esquece dos conflitos e problemas da região. O local tem um papel de terra santa para o fiel, onde há uma espécie de banda larga com Deus”, afirmou.
Na segunda parte do seminário, a pesquisadora Brenda Carranza falou um pouco sobre como o fenômeno em questão se manifesta no contexto da Guatemala. Segundo a análise, lá há três níveis de ativismo sionista cristão: o religioso (por meio de encontros, estudos, e hasteamento de bandeiras nas igrejas); o social (ancorado em projetos diversos); e político (como em representações diplomáticas e em implementação de projetos de lei). “O amor a Israel é cultivado por ações. De certa maneira, não é expontâneo, é estrategicamente preparado”, afirmou.
Ainda há dados para analisar e comparar. Portanto, todo o estudo deverá ser concluído em meados de maio de 2023. Mas há conclusões prévias, como a de que o movimento é muito presente em comunidades pentecostais e cristãs conservadoras. “É possível também traçarmos um contraste entre os dois países. Há uma diferença de proporção do lugar em que Israel ocupa na economia e política de cada um. A Guatemala precisa de Israel; a aproximação que tem permite dependência de recursos tecnológicos na agricultura e na saúde, por exemplo. Já no Brasil, Israel tem um lugar mais adjetivo do que substantivo”, afirmou o pesquisador Joanildo Burity.
O evento aberto ao público, e transmitido pelo canal oficial da Fundaj no YouTube, aconteceu na Sala Gilberto Osório, no Campus Anísio Teixeira da Fundaj, em Apipucos. Se você perdeu, acesse nossa página no YouTube e confira a gravação completa.