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Fundaj anuncia projetos vencedores da 1° edição do Concurso de Boas Práticas Pedagógicas em Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido Brasileiro
O resultado da 1°edição do Concurso de Boas Práticas Pedagógicas em Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido Brasileiro, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), promovido pelas Diretorias de Pesquisas Sociais (Dipes), foi publicado no Diário Oficial da União, em 26 de janeiro.
As vencedoras são Rênia Váleria Ramos da Silva, com o trabalho “Escola na Caatinga: Riqueza, Conhecimento e Resistência”; e Márcia Waléria de Sousa Nogueira, com o trabalho sobre “Os Campos de Experiência na Educação Contextualizada”. Elas ocupam a primeira e a segunda colocação, respectivamente, cujo prêmio determinado pelo edital corresponde a R$ 15 mil e R$ 12 mil.
O concurso promoveu o debate sobre as práticas pedagógicas e como elas podem aprimorar a educação no Semiárido brasileiro. Essas práticas contextualizadas não necessariamente precisam atender especificamente as áreas rurais dos municípios, porque existe uma relação da área urbana com a região também.
Outro fator impulsionador e que já tem sido desenvolvido por meio das pesquisas e seminários realizados pela Fundação Joaquim Nabuco, é fazer com que essas práticas envolvendo o Semiárido saiam dos muros das escolas, fazendo uma integração com as comunidades da região.
A Coordenadora Geral da Coordenação do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist) da Fundaj, Alexandrina Sobreira, explica que as propostas que foram avaliadas pela comissão julgadora foram de práticas em andamento e de repercussão positiva na região e no seu entorno. A coordenadora também ressaltou que os critérios estabelecidos no edital do concurso foram bastante claros e objetivos, por esse motivo, não houve textos selecionados que pudessem atender a terceira colocação, como estava prevista na premiação.
"Temos uma linha de trabalho na Fundaj que é o resultado do trabalho de pesquisadores nessa área. Todos os critérios foram definidos com clareza no edital, principalmente a exigência de que a pessoa residisse na região que já deu resultado com a implementação da prática pedagógica contextualizada”, disse Alexandrina, adiantando que neste ano deverá ser lançada uma segunda edição do Concurso de Boas Práticas Pedagógicas em Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido Brasileiro.
“Não podemos perpetuar a visão da seca, a visão de uma caatinga sem biodiversidade, sem a beleza da região. Sempre buscamos esse diálogo com o ambiente, o modo de vida das famílias e como essas pessoas podem trazer para uma prática pedagógica sua experiência de história oral que subsidia os professores”, completa a coordenadora do Cedist.
Em 2021, a Caatinga foi reconhecida pela Unesco como biosfera. Exclusiva do Brasil, é possível encontrar no bioma uma diversidade grande de animais, plantas além do potencial desenvolvimento sustentável para a região.
PROJETOS VENCEDORES
Natural do município de Ibimirim, Sertão de Pernambuco, a professora Rênia Waléria Ramos da Silva, trouxe para a prática contextualizada de convivência com o Semiárido, atividades relacionadas com as disciplinas de Língua Portuguesa, Geografia, Artes e Ciências para os alunos da Escola Ângelo Varela de Albuquerque.
“Numa nova perspectiva, distante da sombra preconceituosa do entendimento do semiárido como solo estéril, surge a esperança plantada na mente de cada criança, que vivenciou esse projeto repleto de produtividade, cultura, conhecimento e resiliência. Reafirmamos o orgulho de nossas origens, com a fala do grande escritor Euclides da Cunha, ‘o sertanejo é, antes de tudo, um forte’”, explicou Rênia, em seu texto.
A professora parabenizou a Fundaj pela iniciativa do concurso, que foi o primeiro em que participou. E espera que outros educadores sejam incentivados a promover ações de convivência dentro das práticas pedagógicas. “Essas ações não são restritas a escola, sempre envolve o ambiente que os alunos estão inseridos, então já tinha trabalhado com esses conteúdos antes de saber do concurso. Parte dos alunos trabalham na roça e é importante mostrar a eles que a Caatinga não é um bioma pobre e feito como as pessoas pensam”, disse a vencedora do primeiro lugar.
O segundo projeto contemplado pelo concurso foi voltado para a formação de professores. De acordo com Márcia Valéria de Sousa Nogueira, a experiência foi feita na escola José de Castro Barbosa, localizada no município de Aroazes, comunidade de Miguel Alves, no estado do Piauí.
Os professores abraçaram a proposta de transformar a educação a partir das formações e em Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido pelo Projeto Viva o Semiárido (PVSA).
O Projeto Viva o Semiárido (PVSA) que é uma iniciativa do Governo do Estado do Piauí e o Fundo Internacional Agrícola (FIDA) para reduzir a pobreza, aumentar a produção e melhorar o padrão de vida das populações com maior nível de carência social e econômica no meio rural do Semiárido piauiense.
“Todas as ações foram desenvolvidas para convivermos com o semiárido. Dentro disso os alunos fizeram a utilização de uma horta comunitária pedagógica envolvendo várias disciplinas como Língua Portuguesa e a Matemática para desenvolver essas atividades”, disse Márcia.
Ela destacou, ainda, que a realização do concurso como uma oportunidade única porque a educação para conviver com o Semiárido ainda é algo novo - inserido na área de práticas pedagógicas na década de 1990. “É uma oportunidade de quebrar essa educação de mercado, por ser um recurso a mais para fortalecer as práticas que realmente transformam a comunidade”, completou a vencedora do segundo lugar.