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Fundaj adere a movimento de combate ao feminicídio e instala bancos vermelhos no jardim do Muhne
Em uma iniciativa de combate ao feminicídio, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), em uma articulação com o Instituto Banco Vermelho (IBV), referência nacional em ações de enfrentamento à violência de gênero, inaugura na próxima sexta-feira (11), às 14h, dois bancos vermelhos. Além da cor característica do movimento, os bancos de madeira são adesivados com chamadas pelo fim do feminicídio, com o objetivo de provocar reflexão e sensibilizar os visitantes dos equipamentos culturais localizados no campus Gilberto Freyre, em Casa Forte. A ação está sendo promovida por meio do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), que é vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj.
A mobilização para a instalação dos equipamentos teve início em agosto de 2024, em meio à inauguração da exposição “Elas: onde estão as mulheres nos acervos da Fundaj?”, no Muhne, e à sanção da Lei nº 14.942/2024, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A lei inclui os bancos vermelhos nos esforços relacionados ao Agosto Lilás, campanha do Governo Federal para o combate à violência contra a mulher. No Brasil, desde a Lei já são mais de 40 bancos gigantes e 100 bancos vermelhos em 13 estados.
À frente da ação no Muhne, o pesquisador César Mendonça explica que a intenção era que a implantação da ação coincidisse com a da exposição Elas. “O projeto estava iniciando no país. Entrei em contato com o Instituto Banco Vermelho em agosto. A intenção era que fossem instalados já na abertura da mostra, naquele mês’”, conta. Ainda que a instalação não tenha ocorrido naquele momento, a iniciativa foi para a frente e os bancos vermelhos chegaram próximo a outro momento significativo: o mês da mulher.
“Nosso compromisso vai muito além do mês da mulher. Nossas instalações são símbolos permanentes de luta, denúncia e memória. Cada banco vermelho é um grito coletivo contra o feminicídio e a violência de gênero”, pontua Andrea Rodrigues, cofundadora e presidente do IBV. Para o Instituto, os esforços têm um impacto direto na sociedade, gerando debates que reforçam a necessidade de ações efetivas no combate da violência de gênero e pela adoção de políticas eficazes contra o feminicídio. A iniciativa busca chamar a atenção para os números alarmantes da violência contra a mulher no país.
Nos últimos 12 meses, mais de 21 milhões de mulheres, 37,5% da população feminina do Brasil, sofreram algum tipo de agressão. Além disso, 5,3 milhões de brasileiras — uma em cada dez — afirmou já ter sofrido abuso sexual ou ter sido forçada a manter relações sexuais contra a própria vontade nesse mesmo período. “O banco é mais do que um mobiliário urbano. Ele carrega histórias, denuncia realidades e serve como ponto de reflexão e acolhimento. Precisamos transformar espaços públicos em lugares de memória e resistência”, afirma Paula Limongi, diretora executiva do Instituto Banco Vermelho.
Fundado em 2023 pelas ativistas Andrea Rodrigues e Paula Limongi, o IBV é uma entidade brasileira que tem como missão principal a luta pelo feminicídio zero. A organização atua nacionalmente com foco em engajar tanto a sociedade civil quanto o poder público para o enfrentamento à violência contra a mulher através de esforços como intervenções e ocupações urbanas, projetos educativos, ações culturais, campanhas de mobilização e demais ações.