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Fundaj abre seminário sobre a Independência com mesas-redondas e lançamento de livro de Joaquim Falcão
Marcado por grandes mudanças políticas e econômicas, o século 19 provocou uma verdadeira transformação na sociedade brasileira, que deixava de ser uma colônia europeia para se tornar uma nação independente, primeiro como monarquia, depois como república. O legado de toda essa história começou a ser revisitado nesta terça-feira (5), com a abertura do seminário "A propósito da Independência e do Império: visões pernambucanas (Joaquim Nabuco, Oliveira Lima, Gilberto Freyre, Evaldo Cabral de Mello)", que contou ainda com o lançamento da obra “Entre Tantos”, do escritor e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) Joaquim Falcão, pela Editora Massangana.
A obra de Joaquim Falcão reúne textos sobre figuras públicas chamadas pelo autor de "intérpretes brasileiros", incluindo Maestro Spok, Cida Pedrosa e Francisco Brennand. “São, principalmente, de Pernambuco, da experiência vivida. É um livro em que eu analiso diversos líderes. Daí o título. Recife está aí”, celebrou. Após o lançamento, os conferencistas fizeram uma visita ao Museu do Homem do Nordeste (Muhne).
Bicentenário
A programação do seminário, que segue até quarta (6), é promovida pela Fundação Joaquim Nabuco como parte das celebrações pelo Bicentenário da Independência do Brasil, que se completa no próximo 7 de Setembro. Pela manhã, participaram da mesa de abertura o escritor e advogado Antônio Campos, o jornalista Mario Helio, a presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, Margarida Cantarelli, e o secretário-executivo de Relações Internacionais da Assessoria Especial do Governo de Pernambuco, Gilberto Freyre Neto. Idealizador do evento, o diplomata e doutor em História Social André Heráclio do Rêgo deu as boas-vindas aos debatedores e ao público. "Há outras visões, outros projetos, mas Pernambuco teve um papel importante", ressaltou.
O papel de Nabuco
A primeira mesa-redonda do seminário discutiu o tema "Joaquim Nabuco: Independência, Império e Federação". O escritor Joaquim Falcão iniciou os debates citando um trecho da obra "Minha Formação" sobre o momento em que o abolicionista conheceu o mar, descrito por ele como uma terra "líquida e movente". "Essa exposição antecipa Baumann e todo o pensamento atual sobre o que nós estamos vivendo numa sociedade líquida, onde tudo se confunde como um mar", afirmou. "A minha perspectiva histórica é que o desafio de cada geração é encontrar novas soluções para os permanentes problemas da humanidade".
Em seguida, o cientista político Christian Lynch, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, fez uma descrição das diferentes visões ideológicas sobre a independência e os projetos de nação que se desenvolveram a partir dela. "Eu tenho esse 'contrabando' pernambucano, que vem do meu gosto pelo Joaquim Nabuco e Gilberto Freyre. Tive a honra de, na ciência política, escrever o artigo sobre os 80 anos de 'Sobrados e Mocambos'", contou. Concluindo a discussão, o historiador e consultor legislativo da Câmara dos Deputados José Theodoro Menck relembrou fatos do processo da independência brasileira, relacionando-os com o projeto defendido pelo abolicionista. "Seria um país de 'mestiços ilustrados', um grupo grande de Machados de Assis", resumiu.
A tarde
À tarde, foi realizada a Mesa-redonda “Oliveira Lima: o movimento da Independência e o Império Brasileiro”. Participaram da programação: Teresa Malatian (Professora Titular da Unesp, vinculada ao Departamento de História da Faculdade de História, Direito e Serviço Social de Franca) e o escritor André Heráclio, substituto do sociólogo José Almino, que não pôde estar presente por questões de saúde.
Os dois apresentaram a visão do historiador pernambucano Oliveira Lima sobre Dom João XI e o processo de independência do País. Em sua fala, Teresa enfatizou que Oliveira traz em seus relatos uma análise da figura física e psicológica do monarca que, segundo sua obra, não era uma figura vergonhosa, mas tinha um plano preparado para não perder a coroa portuguesa. “Antes de ser historiador, Oliveira Lima era escritor, teve formação em Literatura, e em sua escrita, falava que história e arte estavam intimamente ligadas, na construção do discurso histórico”, afirmou sobre o estilo do pernambucano, que foi elogiado por vários historiadores do Brasil.
Encerrando-se amanhã, o seminário continuará discutindo sobre o papel de Pernambuco no processo de independência do País, a partir dos pensadores propostos. Pela manhã, acontecerá a Mesa-Redonda “Gilberto Freyre: a propósito da Independência e a Unidade Nacional do Império”; e à tarde será a vez da Mesa-Redonda “Evaldo Cabral de Mello: a outra Independência e o Norte agrário e o Império” e da Conferência de encerramento “Pernambuco e a Independência” serem realizadas.
Todo o evento é gratuito e está sendo transmitido e gravado pelo canal oficial da Fundaj no YouTube.