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Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) comemora sucesso do 1° Seminário do Laboratório de Estudos de Religião e Política
A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), através do Laboratório de Estudos de Religião e Política (Laberp), que está vinculado à Coordenação Geral de Estudos de Cultura e Identidade (Cecim), da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), realizou de 10 a 12 de abril o 1° Seminário do Laberp. Com o tema "(Re) Invenções: como Pensar a Religião hoje?", o seminário teve formato híbrido, sendo presencialmente sediado na Sala Aloísio Magalhães, no Campus Ulysses Pernambucano da Fundaj, no Derby. O evento cpntou com a parceria do Grupo de Pesquisa Discurso, Subjetividade e Educação e com o Observatório de Crenças, Religiosidade e Emoções, ambos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e com a ONG SOS Corpo - Instituto Feminista para a Democracia.
Segundo Joanildo Burity, pesquisador da Fundaj e da UFPE, coordenador do Laberp e um dos organizadores do evento, o seminário alcançou os seus objetivos. “Há hoje uma grande visibilidade pública da religião na política contemporânea. E este evento conseguiu estabelecer um espaço de diálogo pluridisciplinar entre aqueles que pensam a religião e aqueles que se engajam a partir da religião. A religião é um objeto de estudo crescentemente disperso e polissêmico, sendo assim, entendemos como uma oportunidade e uma tarefa importante a integração das diferentes e atualizadas perspectivas de estudo sobre o tema”, observou.
A presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, saudou aos presentes, destacando a importância do debate deste tema, algo tão presente na atualidade. “A Fundação Joaquim Nabuco sempre estará de portas abertas para receber eventos como esse, com debates relevantes para a sociedade”, disse. A programação deste primeiro dia de seminário terminou com a apresentação cultural do Coletivo Candiero, grupo religioso nordestino que expressa a fé por meio da música.
O Laberp também está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia, na UFPE. “No entanto, o laboratório tem uma estrutura aberta a pessoas de outras instituições, a partir da convergência de interesses temáticos e analíticos, bem como da colaboração em projetos e iniciativas comuns”, acrescentou o pesquisador. No primeiro dia da programação, os participantes, tanto os presenciais quanto os remotos, foram divididos em dois grupos para participar dos minicursos "Estudo da Religião e metodologia" e "Religião como Discurso".
O minicurso "Estudo da Religião e metodologia” abordou métodos quantitativos de pesquisa e foi ministrado pela pesquisadora e vice-coordenadora do Laberp, Jéssica Duarte, e Emanuel Freitas, pesquisador da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Já "Religião como Discurso", abordou métodos qualitativos e foi ministrado por Joanildo Burity. “Com essas atividades, nós procuramos oferecer ferramentas, métodos e técnicas às pessoas que estão fazendo pesquisas sobre religião e também àquelas que ainda vão desenvolver esses trabalhos”, explicou Jéssica Duarte.
Logo após, foi realizada a mesa de abertura do seminário. Além de Joanildo Burity, fizeram parte Wilson Fusco, diretor da Dipes; Gustavo Oliveira, coordenador do Grupo de Pesquisa Discurso, Subjetividade e Educação, da UFPE; Roberta Campos, coordenadora do Observatório de Crenças, Religiosidade e Emoções, também da UFPE; e Carmem Silva, do SOS Corpo - Instituto Feminista para a Democracia.
Em seguida, as pesquisadoras Christina Vital (UFF/Iser) e Carly Machado (UFRRJ) palestraram sobre o tema "Como pensar a religião hoje? Desafios teóricos e empíricos". Christina Vital destacou que os estudos de religião são um verdadeiro desafio contemporâneo, pois a temática vem atravessando a sociedade num momento de polarização exacerbada. “Temas como violência e política vêm também sendo animados pelo elemento religioso. E isso demanda de nós, que estudamos a religião, uma maior reflexão em relação ao nosso objeto e ao nosso posicionamento teórico, metodológico e político diante desses temas”, explanou.
Já Carly Machado acrescentou que grande parte deste debate vem da midiatização do religioso, com a presença da religião na esfera pública e no cotidiano das pessoas. “Em diferentes escalas, a gente vê a presença da mídia como elemento fundamental para pensar a relação entre religião e política na sociedade atualmente”, frisou. Após as falas, a debatedora Paula Montero (professora titular da USP) demonstrou preocupação com a utilização da religião com linguagens de política, da extrema direita e de expressão no espaço público. É uma fronteira importante sobre a religião no mundo contemporâneo”, afirmou.
Colóquios
Os pesquisadores presentes no 1° Seminário do Laberp iniciaram o segundo dia do evento participando de colóquios para discutir sobre as pesquisas dos seis grupos de trabalho do encontro (colóquio é "a primeira reunião de um grupo de pesquisa"). Esses grupos exploraram, respectivamente, as seguintes linhas de pesquisa: Religião e Cultura (apresentado pelo pesquisador Rodrigo Toniol); Religião e Mídia (Karla Patriota); Religião e Política (Ronaldo de Almeida); Religião e Metodologia (Henrique de Castro); Religião, Gênero e Sexualidade (Brenda Carranza); e Religião e Educação (Paulo de Tássio Silva). À tarde, os pesquisadores voltaram a se reunir em cada grupo de trabalho para fazer as apresentações das suas pesquisas. Foram ao todo 28 trabalhos selecionados para este segundo dia.
Cinema e premiação de trabalhos
Na manhã do terceiro e último dia de programação, os participantes do seminário foram ao Cinema da Fundação/Sala Museu, no campus Gilberto Freyre, em Casa Forte, para assistir ao documentário “Fé no Clima”. O filme traz a discussão sobre as juventudes que se mobilizam, a partir da religião, para enfrentar o desafio da mudança climática. Ao final da exibição, houve um debate entre os participantes e o diretor do filme, Pedro Carcereri.
À tarde, de volta ao campus Ulysses Pernambucano, no Derby, mais dez trabalhos foram apresentados, sendo cinco do GT Religião e Política e os outros cinco do GT Religião, Gênero e Sexualidade. Ao final das apresentações, os trabalhos mais bem avaliados pelos organizadores e apresentadores receberam o Prêmio Chris Serra, em homenagem à psicóloga, doutora em saúde coletiva, pesquisadora de gênero e religião e ativista do movimento dos católicos LGBTQIAPN+ que faleceu no ano passado, no Rio de Janeiro, vítima de um câncer.
O primeiro lugar ficou com Ítalo César Barbosa, que apresentou o trabalho “Evangélicos e Identidade Cultural Brasileira: a produção artística crente para além do gospel”. Enquanto isso, Nina Rosas e Hanna Motta, com o “Cura para doenças da alma: discurso científico, práticas terapêuticas e proteção de mulheres evangélicas contra a violência”; e Manoel Carlos Uchôa de Oliveira, com o Religião, política e autoimunidade na obra tardia de Jacques Derrida: uma análise conceitual”, receberam a menção honrosa de segundo e terceiro lugares, respectivamente.
Na mesa de encerramento do 1º Seminário do Laberp, Joanildo Burity, Gustavo Oliveira, Roberta Campos e Carmem Silva fizeram um balanço positivo do evento que contou com um debate rico de muitas trocas entre pesquisadores de diversos critérios, textos e apresentações sobre a religião na contemporaneidade.