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Formação acadêmica de Gilberto Freyre é tema do Seminário Tropicologia
Nesta terça-feira (27), a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) recebeu mais uma edição do Seminário de Tropicologia, reunindo pensadores e acadêmicos para investigar e debater a obra do sociólogo e escritor pernambucano Gilberto Freyre. Com tema “A formação de uma força: os impasses do pensamento de Gilberto Freyre”, sob a coordenação da escritora e antropóloga Fátima Quintas, o Seminário recebeu a conferência do professor e presidente da Academia Pernambucana de Letras (APL), Lourival Holanda, tratando sobre a importância do pensamento freyriano para os dias de hoje, partindo da formação do intelectual nos Estados Unidos durante os anos 1920.
A riqueza do pensamento freyriano, para Holanda, está em propor um novo modelo de fazer as Ciências Sociais, no qual se sobressai uma atitude aberta, que provoca e funde disciplinas, com o intuito de termos o máximo de complexidade do real social. Segundo ele, para além de sociólogo, antropólogo, historiador e literato, Freyre era também um artista. “Ele é alguém que detém o instrumental do seu ofício, alguém que domina a técnica, o que o difere de um mero teórico, em que a ideia precede a criação do texto; o artista caminha por experimentações. O teórico busca confirmação na pesquisa, mas o artista busca alargar o modo de ver determinado objeto, portanto é muito mais arriscado o que faz o artista do que o teórico”, explica.
A antropóloga Fátima Quintas relembrou que durante sua infância conviveu com Gilberto Freyre e o intelectual gostava de acompanhar as críticas que recebia por suas obras na imprensa. “Para ele, era um prazer ver que o que escrevia causava impacto no público, mesmo que fossem críticas negativas”, disse.
Por fim, foi destacado que Gilberto Freyre legou uma importante experimentação para as metodologias das Ciências Sociais: seu investimento emocional e pessoal no material com o qual investigava. Lourival apontou que essa forma de pensar era uma novidade na época, onde se tinha o preceito de que a absoluta imparcialidade era o requisito máximo para textos científicos.
“Seguindo aquilo que diz Nelson Rodrigues, mostrar a presença dele como pertinente e necessária pela forma de fazer ciência que não pontifica, mas que busca, que desloca, que repropõe. É um trabalho de restituição do modo de fazer Ciência de Gilberto Freyre para as novas gerações”, disse Lourival Holanda, para quem o pensamento contemporâneo é o mais oportuno a receber a atitude intelectual de Freyre.