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Estudantes surdos do Recife e indígenas venezuelanos participam de ação do Setembro Surdo no Cinema da Fundação e Museu do Homem do Nordeste
Como parte da programação especial que o Cinema da Fundação preparou para o Setembro Surdo, mês marcado pelas comemorações das conquistas obtidas pela comunidade surda, alunos da rede municipal do Recife participaram de uma sessão do Projeto Alumiar de Cinema Acessível nesta quinta-feira (15). Estudantes das alunos das escolas Municipais Mário Melo, Deputado Edson Cantarelli, Florestan Fagundes, Padre Antônio Henrique, Rozemar de Macedo Lima e Governador Miguel Arraes de Alencar assistiram ao longa metragem de animação “Garoto Cósmico” (Alê Abreu, 2007) com acessibilidade comunicacional em três modalidade (Audiodescrição, Libras e Legendas para Surdos e Ensurdecidos). Além deles, a sessão também recebeu três famílias de indígenas Warao venezuelanos refugiados que estão morando no Recife há cerca de quatro anos.
“O projeto Setembro Surdo é uma extensão das ações já promovidas pelo Cinema da Fundação para possibilitar a visibilidade desse público, fortalecendo o acesso do povo surdo na dinâmica cinematográfica e cultural que ele faz parte por direito”, ressalta Túlio Rodrigues, chefe da Divisão de Acessibilidade do Cinema e da Cinemateca Pernambucana da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). O mês de setembro é especial para a comunidade surda pois é celebrado, desde 2008, o Dia Nacional dos Surdos no dia 26.
A data foi escolhida por ser neste dia que foi criada a primeira escola brasileira para surdos, em 1857, pelo imperador Dom Pedro II, atualmente chamado de Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), órgão do Ministério da Educação. Por meio da integração do Museu do Homem do Nordeste (Muhne) e do Cinema da Fundação/Museu, os alunos e o grupo de indígenas venezuelanos também fizeram a visita guiada com acessibilidade ao Muhne, onde ainda puderam interagir com cerca de 20 peças da exposição que podem ser tocadas, tornando a experiência única para todos.
A professora de português Nilda Albuquerque, da Escola Municipal Padre Antônio Henrique, instituição que possui o maior número de estudantes surdos do Recife, ressaltou a importância da ação em promover um momento de socialização entre alunos de diferentes escolas. “Essa visita ao cinema e ao museu é de suma importância porque eles vão sair daquele ambiente que eles estão acostumados e vão encontrar com o grupo maior em outro local, encontrando amigos que estudam em outras escolas e reforçando a sociabilidade entre eles”, comenta.
A percepção da coordenadora do Núcleo de Educação de Surdos, parte da Gerência da Educação Especial (GEDE) da Secretaria de de Educação e Esportes do Recife, Isabela Gomes Pestana, ecoa a experiência da professora Nilda. “Fui professora da sala bilíngue para surdos e na época não havia tantos espaços acessíveis para surdos e a gente tinha que se reinventar para trazer a cultura para os meninos porque eles são estudantes como todos os outros e têm que ter acesso a isso”, explica.
Para ela, enquanto educadora, estar em um espaço que pensa na inclusão dos alunos surdos é a realização de um sonho. “Quando a gente chega em um lugar que tem respeito linguístico, tanto na sessão de cinema, quanto no museu, eles ficam admirados porque eles conseguem mergulhar e ver na prática coisas que fazem parte da nossa cultura. Ter acesso a isso de forma palpável é muito importante, porque uma coisa é ver na sala de aula por meio de slides e outra é estar aqui”, complementa.
A programação do Setembro Surdo no Cinema da Fundação nos dias 22, com a primeira sessão do Alumiar no Cinema da UFPE; e no dia 29, com mais uma Sessão Alumiar na sala Museu. Confira a programação do Projeto Alumiar de Cinema Acessível:
Dia 22 - Cinema da UFPE
9h - Sessão Alumiar de Cinema Acessível
Filme: Um Lugar ao Sol
Cine Debate com Carolina Leite (UFPE) e Joice Paixão (GRIS)
Dia 29 - Cinema da Fundação/Museu
14h - Sessão Alumiar de Cinema Acessível
Filme: Brasil Animado