Notícias
Estrela do cinema do Ciclo do Recife é homenageada na Fundaj pelos 120 de nascimento
A Sala Museu do Cinema da Fundação foi palco de reverência à primeira atriz do cinema pernambucano dos anos 1920 e estrela do Ciclo do Recife, Almery Steves, neste domingo (27), véspera do aniversário de seu nascimento. A sessão foi seguida da abertura da exposição Almery Steves - 120 anos, na Cinemateca Pernambucana Jota Soares. O Cinema da Fundação e a Cinemateca são vinculados à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Familiares, amigos e o público em geral participaram da homenagem à atriz.
Na tela grande, a exibição do filme Aitaré da Praia, dirigido por Gentil Roriz, protagonizado pela artista e pelo ator Ary Severo, seu marido, também roteirista e diretor. A projeção do filme foi seguida de debate com a participação da neta de Almery Steves, Cristiana Torreão (de modo virtual), a sobrinha-neta, Bruna Steves, o professor e cineasta, Alexandre Figueirôa, com mediação do curador do Cinema da Fundação, Ernesto Barros. “O Ciclo do Recife foi o mais importante do cinema brasileiro da época. O cinema pernambucano conseguiu ter suas estrelas femininas e masculinas e Almery, com certeza, foi a estrela número um”, disse.
Cristiana Torreão recordou a doação do acervo sobre Almery à Fundaj. “Tudo começou em 2019, quando eu comentei com Nelson Sampaio, autor do livro sobre o meu avô (Ary Severo) e o Ciclo do Recife. Eu disse para ele que tinha todo esse material, mas me incomodava muito, que só eu conseguia ver, ler. Achava muito injusto”, explicou Cristiana Torreão, guardiã do acervo dos avós. A doação foi feita à Fundação em setembro do mesmo ano. “Foi muito importante para mim”, disse emocionada a neta de Almery.
Alexandre Figueirôa iniciou agradecendo à neta da atriz pela doação do acervo, ressaltando a importância do mesmo ser colocado publicamente. Em seguida, ressaltou a vocação do Recife para o cinema. “A gente percebe no Ciclo, essa vocação que a cidade do Recife tem para abraçar essas novidades, o cinema era muito jovem. E em uma cidade do Nordeste do Brasil, longe do Rio de Janeiro e São Paulo, essas pessoas pegaram câmeras e fizeram filmes que não ficam nada a dever aos filmes da época. A atuação deles era de cinema (Ary Severo e Almery). Eles sabiam o que estavam fazendo e eles eram amadores, estavam descobrindo. Então, é incrível que isso tenha acontecido aqui e é importante revisitar esse momento tão rico”, comentou.
Para a sobrinha-neta Bruna Steves, o sentimento é de gratidão. “Tenho gratidão e grande admiração em poder estender um legado. Quantas gerações da minha família não tinha ali? Pega toda uma linhagem de pessoas que cresceram comentando muito sobre todas essas histórias”. Em seguida, a família participou da abertura da exposição Almery Steves - 120 anos, na Cinemateca Pernambucana Jota Soares. A mostra é composta por reproduções de fotografias e imagens dos acervos da Fundaj e da família, doadas à instituição. A produção e curadoria foi realizada por Isabelle Lopes, Ingrid Xavier e Victória Victor, integrantes da Cinemateca.
“É muito legal, principalmente, porque a gente tem outra perspectiva. Eu já cheguei a ler trabalhos de algumas pessoas de artes cênicas que falava sobre ela e você lê assim e é totalmente diferente você ver a imagem ou escutar minha mãe falando, que quando ela era pequena elas conviviam, é algo impressionante imaginar tudo isso que ela vivia naquela época e de sentir até a união da família, que está todo mundo aqui junto em homenagem a ela”, disse a jovem bisneta de Almery Steves, Maria Luísa. A exposição ficará aberta à visitação até 29 de novembro. O horário de funcionamento é de terça a sexta-feira, das 10h às 16h.