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Especialistas conversam sobre diabetes e saúde do homem na Fundaj
A cultura do acompanhamento médico regular não é uma realidade no Brasil. A prática, que aumenta as chances de diagnóstico precoce de doenças graves, é ainda mais rara entre os homens. Por isso, anualmente a campanha Novembro Azul tem ganhado cada vez mais espaço nas agendas institucionais. Nesta segunda-feira (29), foi a vez da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) receber a endocrinologista Isabel Oliveira, o urologista Guilherme Maia e a psicóloga Amanda Salomão. No Cinema da Fundação/Museu, no Recife, os especialistas conversaram sobre diabetes e câncer de próstata.
“A Fundaj vem mantendo a tradição mensal de promover uma palestra e uma campanha de conscientização”, destacou o presidente da Fundaj, Antônio Campos. A atenção à saúde foi um dos aspectos da fala de Antônio. Segundo ele, o falecimento do pai, aos 57 anos, teve como complicações a diabetes. Em sua participação, Amanda Salomão insistiu na importância de uma mudança de consciência. “A gente só combate os estigmas e promove a conscientização a partir destas conversas em espaços de confiança e com profissionais qualificados”, apontou a psicóloga.
A endocrinologista Isabel Oliveira apresentou um panorama atual da diabetes no mundo. “Antes a idade para rastreio era a partir dos 35 anos. Mas hoje a idade deixou de ser um indicativo”, sinalizou, ao criticar o excesso de carboidratos na alimentação desde a infância. Por isso, a procura de um profissional e uma análise minuciosa do exame de taxas é crucial. “Ainda que a glicose diária esteja boa é importante observar o histórico.” Fatores hereditários têm influência, no entanto o estilo de vida é determinante. No último dia 14 de novembro, o mundo celebrou o Dia da Diabetes.
Por sua vez, o urologista Guilherme Maia insistiu na importância dos homens terem acompanhamento urológico desde o início da puberdade, assim como as mulheres já procuram o ginecologista. “Saindo do pediatra é importante que os meninos já comecem a ter um acompanhamento. Trabalhamos em quatro fases, desde casos de fimose e circuncisão, até o início da vida sexual, com o esquema vacinal contra ISTs [infecções sexualmente transmissíveis] como o HPV, e a vida adulta”, explanou o especialista, em paralelo às explicações sobre o câncer de próstata.
Equívocos históricos
Muitos homens deixam de buscar um médico especializado pelo preconceito com o toque retal, lembram os especialistas. “Ainda existe quem acredite que o exame afeta a masculinidade”, indignou-se Guilherme Maia. “Nem sempre o toque retal é necessário, assim como o tratamento nem sempre é uma cirurgia. Em muitos casos, uma ressonância é suficiente.” A psicóloga Amanda Salomão enfatizou que o exame retal não afeta a masculinidade ou tem alguma relação com a orientação sexual. Para a profissional, outro fator que faz as pessoas evitarem a busca por um médico é o medo do diagnóstico.
De acordo com o urologista, o câncer de próstata é o segundo que mais mata no mundo, mas quando descoberto e tratado na hora certa tem quase 100% de chances de recuperação. “O risco é maior com a idade, [em pessoas com] obesidade, fumantes, [dietas majoritariamente de] alimentação animal e não vegetal. A hereditariedade é um fator forte e o histórico de familiares próximos acende o alerta, principalmente em primeiro grau. Inclusive, mãe e irmã com caso de câncer de mama”, detalhou Maia. A partir dos 45 anos, os homens devem realizar check-up anualmente.