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Encontros, movimentos sociais e identidade são debatidos na Fundaj
Nesta quinta-feira (5), quarto dia da programação de celebração dos 10 anos do Programa de Pós-Graduação em Educação, Culturas e Identidades (PPGECI), foi realizado o “Seminário Internacional Comunidades Educativas: O que Pode um Encontro?”. O evento foi uma realização do Centro de Estudos de Cultura, Identidade e Memória (Cecim) da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e marcou o encerramento da pesquisa "Comunidades Educativas: estudo dos modos de aprender e ensinar o saber fazer", coordenada pelo pesquisador Maurício Antunes. O PPGECI é um , mestrado associado da Fundaj com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O encontro aconteceu no campus Ulysses Pernambucano da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no Derby.
Qual é a força de um encontro? Em torno dessa pergunta, desenham-se os temas principais do “Seminário Internacional Comunidades Educativas: O que Pode um Encontro?”. Tema norteador do evento, o conceito de “comunidades educativas” surgiu a partir de pesquisa desenvolvida pela Fundaj em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A programação do Seminário Internacional Comunidades Educativas foi aberta pela mesa “Comunidades educativas? Reconhecendo o campo de debate”, com debate do projeto de pesquisa e dos conceitos relacionados, por meios de falas do pesquisador Mauricio Antunes (Fundaj), do professor Rui Mesquita (UFPE), e da pesquisadora Edneida Cavalcanti (Fundaj), que participaram da pesquisa.
Antunes destacou a natureza coletiva do aprendizado em coletivos observados pelo projeto, como Centro Cultural Vida Verde e o Espaço Agroecológico da Várzea. Marcadas por um forte senso de pertencimento, para os pesquisadores, as comunidades compartilham não apenas costumes, mas também saberes. “Já que temos no cotidiano [das comunidades] a cultura vivida e praticada, experimentada e vivenciada, vamos também entender que nesse movimento de vivenciar a cultura, também estão sendo vivenciados os processos educativos”, pontuou.
Edneida Cavalcanti relembrou a experiência dos pesquisadores com o Espaço Agroecológico da Várzea, por iniciativas como o estímulo de diálogos sociais e políticos a partir do espaço local e a construção do mapa afetivo do bairro. Com base em pensamentos de Suely Rolnik, a pesquisadora define a coletividade como um ato de resistência em meio à segregação estimulada pelo capitalismo. “O não encontro, o não partilhar dos sonhos, desejos e utopias talvez seja um dos mecanismos [neoliberais] mais cruéis. Nesse sentido, estar no espaço público e na partilha do coletivo, é subversivo”, destaca.
Em mesas subsequentes da programação matinal, o público pôde ouvir um pouco das experiências de comunidades educativas em Mar del Plata, na argentina, com Francisco Ramallo, além de experiências com comunidades quilombolas, por meio do pedagogo e historiador Rubens Celestino, do Quilombo Monte Recôncavo, em São Francisco do Conde (BA).
A mesa redonda “Interseccionalidade e Educação” contou com a participação de Denise Botelho, Eliane Cavalleiro e Vitor Martins e coordenação de Hellen Lima. A professora Eliane Cavalleiro abordou desde a legislação e os marcos normativos para amparar debates e pesquisas à intersecção de raça e gênero. “Nós pessoas negras somos socializadas de maneira negativa para esse olhar em relação à nossa ancestralidade e a nós mesmas”, afirmou, e questionou: “Como nos relacionamos com o racismo presente em nossa sociedade?”.
Denise Botelho seguiu com as reflexões, lançando olhares a partir de uma abordagem crítica sobre as interseccionalidades entre educação, raça, gênero e sexualidades. Botelho pensou no conhecimento crítico para transformar e na educação antirracista. “Enfrentar as barreiras institucionais às vezes é o mais difícil, mas existem as ações afirmativas institucionais e afetivas”, pontuou.
Dando continuidade à mesa, Vitor Martins abordou as identidades e a resistência no mercado de trabalho. Para ela, “o sujeito é quem produz o mundo que vive e o mundo que vive produz o sujeito”. Martins afirmou também de que forma “nós podemos pensar nas estratégias de manutenção da nossa própria existência nesses espaços, acreditando que existe um amanhã e que é possível romper com o que vivemos hoje cuidando da gente e das nossas subjetividades”.
Os participantes do seminário participaram, ainda, da roda de diálogo “Movimentos Sociais, Identidades e Cidadanias Intercultural” e da apresentação de trabalhos dos egressos, que falaram sobre o Maracatu Cruzeiro do Forte, movimentos negros e educação artística antirracista, por exemplo.