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Em evento no Recife, Fundaj, UFRPE e organizações populares buscam caminhos para uma sociedade sustentável
Um encontro rico de conhecimento sobre moradia, meio-ambiente e o mundo no qual estamos inseridos. Assim foi o evento "Tecendo a teia das várzeas", realizado nesta sexta-feira (21), na sede da ONG do Rio, em Nova Morada, no Recife.
Na ocasião, o projeto Comunidades Educativas, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), e movimentos sociais e coletivos, como a ONG do Rio e o Projeto Vida Verde, discutiram caminhos para o acesso sustentável à cidade e para o bem-estar da população.
A coordenadora do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist), Edneida Cavalcanti, e o pesquisador Maurício Antunes, da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), ambos da Fundaj, participaram da atividade.
“Foi bem rico o encontro, há uma potência de aprendizado. Não é só formal, disciplinar, não é só acadêmico, só empírico, só popular, é uma construção que, inclusive, queremos entender como isso é um caminho para que consigamos ter resultados diferentes, resultados que trabalhem contra essa questão do racismo ambiental, contra as desigualdades socioambientais”, comentou Edneida.
A coordenadora ainda destacou que momentos como esse podem possibilitar o surgimento de alternativas novas ao modelo de vida e desenvolvimento adotado pela sociedade nos dias de hoje.
“Acho que a gente está inserido em um mundo que, se não cuidarmos, parece que não existem alternativas. Hoje, tem um caminho único de como se desenvolve, como se gera emprego, de como uma cidade cresce, mas podemos ter caminhos criativos ainda no radar. E precisamos estar atentos, pois eles surgem, principalmente, quando conseguimos convergir pessoas e instituições em situações como essa que tivemos hoje”, afirmou a pesquisadora.
"Tecendo a teia das várzeas"
O encontro integrou as comemorações do 1º Dia da Terra em Pernambuco, uma iniciativa da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Além de uma roda de conversa e iniciativas de educação ambiental, foram realizadas apresentações culturais, como o Cortejo Boi Brasil, dança de roda de coco e capoeira.
A ação, que foi organizada por coletivos locais como a ONG do Rio e o Projeto Vida Verde, tem participação da Fundaj, por meio da equipe do projeto "Comunidades Educativas: estudos dos modos de ensinar e aprender o saber fazer", que Maurício Antunes coordena junto com Edneida Cavalcanti e com os pesquisadores Rui Mesquita, do Centro de Educação da UFPE, e Luis Carlos Pinto, mestre em Indústrias Criativas pela Unicap.
A pesquisa tem como território de inserção, de observação, mas também de participação, a área de Nova Morada, mais especificamente as iniciativas e articulações que ao mesmo tempo trabalham a perspectiva de moradia digna com uma discussão sobre qualidade socioambiental.
Maurício Antunes explica que a roda de conversa se organiza em busca de caminhos para uma realidade mais sustentável. O pesquisador também destaca o papel do projeto Comunidades Educativas da Fundaj neste processo. “Com os conhecimentos que estamos sistematizando nesta iniciativa, também contribuímos para construir bases sociais para uma vida digna, sustentável, com justiça social e ambiental, baseada no respeito às diferenças e no enfrentamento às desigualdades de gênero, raça e classe social”, afirmou.
A relação com a água também foi abordada no encontro, visto que aquele território está entre rios, o Capibaribe e o Camaragibe. “Aproveitamos o tema do dia da terra, inserimos essa atividade na programação, e pudemos fazer uma conversa muito interessante. Puxamos a conversa a partir da memória, memória sobre a água e sobre a história de luta dessas pessoas e isso possibilitou que a gente constatasse o quanto isso se confunde, o mundo da vida, das lutas sociais, ambientais, da cultura, a forma agressiva com que lidamos com elementos da natureza”, concluiu a coordenadora do Cedist, Edneida Cavalcanti.