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Editoras Massangana e Bem-Te-Vi reeditam obras de Joaquim e Carolina Nabuco*
Joaquim e Carolina. O primeiro, escritor, político e diplomata, era também o pai da segunda, ficcionista, tradutora e memorialista. Os laços que unem as gerações da família Nabuco serão revisitados a partir desta semana, com o início das pesquisas para a reedição de três importantes obras relacionadas à vida e às ideias desses personagens-chave da intelectualidade brasileira: “Diários de Joaquim Nabuco”, lançado em 2004 com edição e prefácio do historiador Evaldo Cabral de Mello; “Oito Décadas - Memórias", livro de memórias escrito por Carolina Nabuco em 1973, e "Meu livro de cozinha" (1977), também de Carolina.
A empreitada é fruto de uma parceria entre as editoras Massangana e Bem-Te-Vi, selo que lançou os “Diários” há quase duas décadas. Nesta quarta-feira (27), a representante da Bem-Te-Vi, Ana Luisa Chafir, esteve na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Às 15h, assinou, no Gabinete da Presidência, o acordo de coedição. Bisneta do abolicionista, Antonia Ratto colaborará com o projeto gráfico das duas obras de Carolina.
“É uma honra, para nós, enquanto equipe que trabalha pela preservação da obra e do legado de Nabuco, realizar esta parceria. Mantemos vivo o papel de zelar pela memória do povo brasileiro, resgatando ideias de pensadores de máxima relevância que nunca perdem a atualidade”, ressalta o presidente da Fundaj, Antônio Campos.
Escrito nos anos 1970, o livro “Oito Décadas - Memórias” ganhará uma edição ampliada, com imagens que fazem parte do acervo doado pela família de Nabuco, além de documentos que pertenciam a Carolina e estão sob os cuidados dos familiares. Também terá ilustrações produzidas a partir da pesquisa iconográfica que está sendo realizada por Cibele Barbosa, pesquisadora do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra). Já os “Diários” passarão a contar com um novo texto de apresentação.
“São obras esgotadas. Os Diários de Joaquim Nabuco são muito procurados por pesquisadores do mundo todo. Além disso, em ‘Oito Décadas - Memórias’, Carolina conta toda a sua experiência junto ao pai e faz também uma análise do mundo, da época em que viveu com a família em vários locais, no Brasil, em Londres e nos Estados Unidos. É um relato contextualizado histórica e politicamente”, analisa a coordenadora-geral do Cehibra, Albertina Lacerda.
Em "Meu livro de cozinha", muito além de um livro de receitas, temos uma coletânea de memórias de uma escritora consagrada, o retrato de uma época contado através de protocolos, tradições e tudo que cerca a boa mesa, por uma mulher que viveu no centro político e cultural do Brasil e do mundo, detalha Ana Luisa Chafir, que esteve também reunida no Cehibra com a pesquisadora Cibele Barbosa.
Pesquisa e obras
A pesquisa iconográfica, realizada no Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra) tem o objetivo de agregar a narrativa visual da vida do patrono da Fundaj. "Todo o texto acompanha o que nós temos no acervo. É como se Carolina, ao fazer esse trabalho da memória, tivesse consultado essas fotos em álbuns. Isso permite uma publicação muito mais rica do ponto de vista de referências visuais, dialogando sempre com o acervo de Joaquim Nabuco, porque a história de Carolina em boa parte é uma história também da vida cotidiana e íntima de Nabuco", explica a pesquisadora Cibele Barbosa.
Os livros são a materialização da preservação do legado de Joaquim Nabuco. Em "Meu livro de cozinha", Carolina deixa transparecer sua educação doméstica a partir da mistura de vivências e hábitos alimentares: do feijão batido no terreiro às viagens para a Europa e livros de culinária em inglês e francês. Na obra, a autora faz uso das receitas e temperos para falar sobre suas experiências sociais e culturais, como memórias em jantares e banquetes.
Já "Oito Décadas - Memórias" é um título que reúne lembranças e emoções da autora. Da casa onde viveu durante a infância, a mesma de Joaquim Nabuco, na Rua Marquês de Olinda, ao convívio com Santos Dumont e à escrita do livro "A vida de Joaquim Nabuco", a autora costura suas histórias com as do pai.