Notícias
Diretor de Pesquisas Sociais da Fundaj participa do XII Congresso Português de Sociologia, em Portugal, e discute parcerias internacionais
O diretor de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Wilson Fusco, esteve em Portugal, na última semana, para participar do XII Congresso Português de Sociologia e discutir possíveis projetos de cooperação internacional entre a Fundaj e instituições portuguesas. “Encontrei-me com a vice-reitora da Universidade de Coimbra, Cristina Albuquerque, e com o presidente da Associação Portuguesa de Sociologia, Paulo Peixoto. Ambos mostraram grande interesse em conhecer melhor a Fundaj e iniciar tratativas para um acordo de cooperação, na expectativa de que se confirme o interesse mútuo”, explicou o diretor.
Mestre em Sociologia e doutor em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Wilson Fusco apresentou dois trabalhos na área temática “Migrações, Etnicidade e Racismo” e foi co-autor de um trabalho apresentado na área “Trabalho, Organizações e Profissões”.
Em seu primeiro trabalho apresentado no encontro, Fusco aborda, em conjunto com Leandro Nazareno Basílio Júnior, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a evolução da população qualificada brasileira em Portugal por meio dos censos portugueses.
Os pesquisadores analisaram, dentre os diferentes tipos de modalidades, as migrações qualificadas, que têm ganhado importância crescente. “Evidências sugerem que os migrantes altamente qualificados têm ganhado participação de maneira mais rápida e crescente no conjunto das migrações internacionais (KONE; ÖZDEN, 2017), ao passo que tendências se alteram de maneira dinâmica (IREDALE, 2001)”, diz trecho do trabalho apresentado..
Wilson Fusco apresentou dados que mostram que no Brasil, desde o ano de 2016, observa-se um crescente número de pessoas que deixam o país e que o continente com participação mais representativa da comunidade brasileira no exterior - formada, principalmente por jovens e adultos - é a Europa, sendo Portugal o principal destino nos últimos anos.
“É possível que haja uma participação importante de pessoas altamente qualificadas. No Brasil, a população ganhou nível educacional nas últimas décadas e o perfil dos migrantes qualificados brasileiros na Europa pode estar se alterando”, destaca a pesquisa.
O segundo trabalho apresentado aborda a imigração internacional no Brasil, apontando a matrícula estudantil como fonte de informação. De acordo com o estudo, o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é a principal fonte de dados para os estudiosos da migração. Porém, sua periodicidade decenal se configura como uma limitação importante para a atualização do cenário da imigração no país.
“Por sua vez, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) produziu e divulgou anualmente censos da educação básica e superior até 2020. Por meio destes registros, é possível acompanhar a dinâmica espacial e temporal das matrículas de crianças e jovens nascidos no exterior e residentes no Brasil”, destaca trecho do trabalho.
Neste trabalho, Fusco buscou analisar o cenário recente, de 2010 a 2020, da imigração internacional no Brasil, a partir dos microdados do censo escolar (educação básica) e do censo da educação superior. “O que tem sido observado nos últimos anos é a ampliação no contingente de venezuelanos, que superaram os bolivianos e haitianos. O censo escolar não tem informações sobre os pais ou familiares dos estudantes, mas assumimos o pressuposto de que as crianças e jovens nascidas no exterior e matriculadas no Brasil vivem com adultos que, a princípio, têm a mesma origem. Os espaços de concentração destes três grupos são diferenciados, e correspondem ao que se conhece das trajetórias seguidas pelos imigrantes no Brasil”, aponta outro trecho da pesquisa.
O censo da educação superior também foi abordado e trouxe outro pressuposto: o de que os jovens estudantes que escolhem vir ao Brasil para estudar chegam sós. A conjectura é apoiada no fato do Brasil ter somente uma política de atração de estudantes para suas universidades direcionada a países em desenvolvimento, e tal política exige que o estudante venha de seu país no momento do início do curso.
O terceiro trabalho não foi apresentado por Wilson Fusco, mas ele é co-autor junto com Darcilene Claudio Gomes, também da Fundaj, e Sidartha Sória, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A pesquisa tratou do emprego e condições de contratação de professores universitários no Brasil e a Pandemia de covid-19. O trabalho investigou possíveis impactos, sobre o universo laboral dos docentes que atuam no ensino superior privado brasileiro, verificando a movimentação de professores nas bases compostas por registros administrativos do Ministério do Trabalho e nas sinopses do Censo da Educação Superior, a fim de averiguar se a categoria como um todo experimentou alterações em seus níveis de emprego, no volume de demissões e admissões e nas condições de contratação.
Congresso
O Congresso Português de Sociologia, realizado entre os dias 4 a 6 de abril, na cidade de Coimbra, em Portugal, propiciou o encontro em presença e à distância de colegas de profissão que trabalham na investigação ou no terreno em que a partilha e discussão de conceitos, teorias, metodologias e práticas n(d)a sociologia poderão semear novas respostas para os desafios que enfrentamos. Discutir se a polarização da sociedade nos conduziu ou não a um ponto de não retorno foi um dos objetivos do Congresso, sob o lema Sociedades Polarizadas? Desafios para a Sociologia. A organização ficou por conta da APS e da comissão local do grupo de sociologia da Universidade de Coimbra e do Centro de Estudos Sociais.