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Desafios do trabalho docente foi tema de dissertação apresentada na Fundaj
“Para além da busca por resultados: o discurso da nova gestão pública e a construção da subjetividade docente”. Esse foi o tema defendido pela discente Gleyce Kelly dos Santos Leão, na manhã desta sexta-feira (14), no campus Ulysses Pernambucano, da Fundaj, no Derby. A dissertação, aprovada pela banca presente, foi desenvolvida no Mestrado em Educação, Culturas e Identidades Culturas e Identidades (PPGECI), uma parceria entre Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
"Um dos nossos grandes questionamentos iniciais era a prerrogativa da discrepância entre os dados de avaliação e a realidade da sala de aula. Então, nós tínhamos essa ideia de que existia essa diferença, e o nosso objetivo principal foi tentar perceber isso na teoria e na prática", disse Gleyce Kelly. A ideia foi analisar como o professor se constrói como sujeito nesse processo diante do discurso neoliberal da Nova Gestão Pública. A pesquisa enfrentou desafios para além do tema proposto, já que o trabalho foi desenvolvido em 2020, no auge da pandemia da Covid-19.
Para a orientadora desta dissertação e pesquisadora da Fundaj, Cibele Rodrigues, é muito importante trazer esse tema para o debate atual. “É um tema que aborda o trabalho docente, a visão dos professores da rede pública de ensino do estado de Pernambuco e toda pressão que os educadores vêm sofrendo pelas avaliações. São essas falas dos professores que mostram que algumas coisas precisam ser modificadas, pois se focarmos nas avaliações só de português e matemática, a gente deixa de lado outras dimensões", afirmou a professora Cibele Rodrigues.
O trabalho teve a co-orientação do doutor em Economia e pesquisador da Fundaj, Luís Henrique Romani. "A maior dificuldade que vejo hoje, é romper com uma tendência natural das pessoas, a criar rankings a partir dos modelos de avaliação. Que escola é melhor do que outra escola, que professor é melhor que o outro, isso é ruim. Mas, é preciso também pensar em alguma maneira de verificar como está se dando o ensino", afirmou o pesquisador Luís Henrique Romani. A banca também foi formada por Verônica Soares Fernandes (Fundaj), e por Álvaro Moreira Hypolito, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).
"É importante o trabalho que foi defendido aqui, pela temática que ele traz, relacionando o trabalho docente nas escolas básicas, com os temas de resultados. Isso cria uma subjetivação dos professores, no sentido de se tornarem agentes que façam uma adesão a essas reformas", avaliou o professor Álvaro Moreira. Ele explicou que esses sistemas de avaliação baseado em métricas têm feito modificações na educação, mas que os efeitos não têm sido necessariamente no sentido de melhorias de desempenho.
Para Verônica Soares Fernandes, a dissertação contextualizou bem o estado de Pernambuco com todas as mudanças e avanços que tiveram a partir da nova gestão pública. "É um debate que faz com que a gente pense sobre o que realmente é qualidade. Não são só indicadores de matemática e português, mas indicadores criados como uma forma comparativa no mundo. Mas precisamos realmente pensar na qualidade que a gente deseja para os nossos alunos", explica Verônica Soares.