Notícias
Desafios do trabalho docente e violência na escola são temas debatidos em seminário na Fundaj
Realizado em associação da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o Programa de Pós-Graduação em Educação, Culturas e Identidades (PPGECI) está celebrando 10 anos com o “Seminário Internacional Integrado Educação, Culturas e Identidades: quais desafios para a reconstrução democrática? - 10 anos PPGECI - Encontro de Saberes e Comunidades Educativas - IV Encontro de Egressos e Egressas”. Iniciado na segunda-feira (2) e seguindo até o sábado (7), o evento chegou ao segundo dia debatendo a violência na escola e os desafios do trabalho docente.
Confira a cobertura do primeiro dia:
O enfrentamento da violência no ambiente escolar como forma de proteger a democracia foi o primeiro tema abordado durante o segundo dia de seminário. A discussão aconteceu na Sala Aloísio Magalhães, no campus Ulysses Pernambucano da Fundaj, localizado no Derby, com Hugo Monteiro Ferreira (PPGECI-UFRPE/Fundaj) e Miriam Abramovay (FLACSO), e coordenação de Humberto Miranda (PPGECI-UFRPE/FUNDAJ).
Durante sua exposição, Miriam Abramovay destacou que a escola deveria ser lugar de pertencimento e segurança e elencou quatro tipos de violência: micro-violência, violência simbólica, violência “dura” e violência institucional. A socióloga reforçou a importância do professor como figura fundamental nas escolas e afirmou que é preciso discutir e aprofundar as discussões acerca da violência contra esses profissionais, pois o Brasil tem um dos índices de agressões contra professores mais altos do mundo. “Temos que sensibilizar todos os atores com ações que promovam o diálogo e a cultura da não violência”, explicou.
O professor Hugo Monteiro Ferreira abordou o enfrentamento da violência na escola a partir do olhar para os adolescentes. Para ele, é preciso estar atento aos estigmas com essas pessoas, pois eles levam ao controle dos corpos, dos desejos, da sexualidade e das opiniões. O professor disse que quase ninguém escuta a opinião dos adolescentes e uma voz silenciada vai ter uma repercussão de ódio. “Eu creio que a gente, de algum modo, tem tentando encontrar saídas e possibilidades, embora não dependa exclusivamente da escola, mas também de elementos enraizados e enraizantes”, afirmou.
A docência também esteve em pauta na mesa-redonda “Trabalho docente: Desafios em contextos políticos diferenciados”, coordenada por Darcilene Gomes (Fundaj) e com participação de Cláudio Nunes (Anped/UESB), Patrícia Simões (PPGECI - FUNDAJ/UFRPE) e Bruna Ferraz (PPGECI - UFRPE/FUNDAJ).
Com trabalho de reflexão sobre o papel do professor em diferentes contextos, cada participante provocou o público a respeito de várias áreas na educação do país. Cláudio Nunes falou sobre a falta de autonomia do professor e a lógica de mercantilização da educação.
“A gente observa a privatização do currículo, do material didático, do pensar sobre a metodologia e da formação docente quando os processos passam a acontecer dentro da lógica da mercantilização. A formação é mais treinamento do que formação”, ressaltou. O professor também abordou a exclusão do docente no planejamento de ensino, a perda de autonomia e o comprometimento da saúde mental dos profissionais.
Já Bruna Ferraz sublinhou a Política Nacional de Formação de Professores e a maneira como as políticas de formação de professores vêm sendo estruturadas. Ela analisou também os movimentos de resistência ou adaptação dos docentes, perspectivas de formação curricular e de estruturação para pensar a docência e a formação na escola e em territórios educativos. A professora acredita que “práticas de formação na Educação Superior e Básica fazem a gente construir o tipo de docência que nós queremos”.
Refletindo sobre a Educação Especial na Educação Infantil, a partir das evolução das matrículas dos estudantes, mas o aumento de apenas 15% no número de docentes, entre 2021 e 2023, Patrícia Simões falou sobre inclusão e políticas públicas. “Estudos mostram que há a necessidade de ampliação de oportunidades de formação inicial de professores para Educação Especial, do acesso a Programas de Pós-graduação em Educação Especial, bem como do acesso a linhas de pesquisa em programas em Educação já existentes”, afirmou a pesquisadora.
A programação do “Seminário Internacional Integrado Educação, Culturas e Identidades: quais desafios para a reconstrução democrática? - 10 anos PPGECI - Encontro de Saberes e Comunidades Educativas - IV Encontro de Egressos e Egressas” segue até o próximo dia 7, com mais reflexões, provocações e debates, na Fundaj e na UFRPE.