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Curso de Especialização em Conservação e Restauração do Patrimônio Cultural Edificado, da Fundaj, estreia com palestra virtual
Nesta segunda-feira (15), a abertura do primeiro Curso de Especialização em Conservação e Restauração do Patrimônio Cultural Edificado - promovido pela Escola de Inovação e Políticas Públicas (EIPP), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) - congregou profissionais e entusiastas da área. Como o tema “Da contribuição da ciência e da técnica para a preservação da memória edificada”, a aula inaugural do curso foi ministrada pelo Dr. Professor Mário Mendonça de Oliveira, Doutor por notório saber pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) pelas diversas contribuições que prestou ao patrimônio cultural brasileiro.
O encontro foi aberto ao público, que pôde acompanhar a transmissão pelo YouTube da Fundaj. Os alunos selecionados participaram pela Plataforma SG-EDU, onde serão desenvolvidas as demais atividades do curso. A partir das 18h30, o professor aposentado da UFBA, com 32 anos de experiência no ensino de História da Arquitetura, compartilhou um pouco da sua vasta expertise em conservação do patrimônio histórico. A mediação ficou por conta do coordenador pedagógico do curso, Frederico Almeida.
Inicialmente, o palestrante promoveu um passeio pela ciência da conservação, compartilhando as visões de grandes teóricos da área. “Ninguém, em sã consciência, pode pretender conservar artefatos, que são constituídos de matéria, desconhecendo o comportamento físico-químico da mesma. É do conhecimento de todos os especialistas que esta matéria reage ao longo do tempo e se degrada, quando se considera a sua interação com o intemperismo, ou mesmo quando envelhece através da senilidade natural, que afeta tudo que existe no nosso universo, mesmo quando não acontecem condições ambientais adversas”, disse o Doutor ao defender o status da ciência da área da conservação e restauro.
Mário Mendonça de Oliveira ressaltou que a ciência é fundamental para resolver questões sobre a durabilidade dos materiais e desvendar os equívocos da história, mas que habilidades humanas também são fundamentais para o trabalho da preservação da memória construída, como a prudência, a humildade e a intuição. “A intuição é uma coisa que nasce da sua observação, da sua vivência, algo que você cultua. Isso é muito importante, porque há momentos em que a ciência não resolve o nosso problema e nós temos que intuir a solução técnica, científica, para resolver os problemas da preservação da matéria”, defende.
A aula seguiu com a análise de algumas obras coordenadas pelo professor e exemplos dos seus estudos acadêmicos que acabaram trazendo melhorias para o cotidiano dos canteiros. Uma das obras discutidas foi o restauro do Palácio Rio Branco, em Salvador, nos anos 1980. Foram realizados processos científicos de mensuração para detectar corrosão das estruturas, e foi necessária a consolidação do forro do palácio. Após compartilhar alguns desafios encontrados ao longo da sua carreira, as soluções tomadas e as ferramentas utilizadas para a resolução de cada caso, foi aberta uma sessão de perguntas onde os participantes puderam tirar dúvidas diretamente com o especialista.
Agora, dada a largada no curso de especialização, ele seguirá por mais 18 meses, sendo 12 meses para a realização das disciplinas e 6 meses para a elaboração e defesa do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. Trinta alunos participam da formação, todos servidores públicos.
A palestra segue disponível no YouTube da Fundaj.