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Coordenador-geral do Muhne é contemplado com Prêmio Mário de Andrade 2023, da Associação Brasileira de Críticos de Arte
Pesquisador, curador e crítico de arte, Moacir dos Anjos é um nome reconhecido e respeitado internacionalmente no que diz respeito às artes visuais. Servidor da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), iniciou sua dedicação à preservação e difusão democrática de trabalhos artísticos em 1999. Atualmente é coordenador-geral do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca). Nesta terça-feira (18), Moacir dos Anjos foi contemplado pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) como um dos críticos de arte que mais contribuíram para a cultura nacional em 2023.
O Prêmio ABCA é dividido em 13 categorias e contempla os artistas visuais, curadores, críticos, autores e instituições culturais que mais contribuíram para a cultura nacional em 2023. Moacir dos Anjos foi agraciado com o Prêmio Mário de Andrade, por sua trajetória. A premiação é anual e acontece desde 1978. “Este é um prêmio dado anualmente pela Associação, e para mim é uma grande satisfação ser lembrado e recebê-lo pela minha trajetória de atuação no campo das artes visuais”, destacou o pesquisador.
A presidenta da Fundação Joaquim Nabuco, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, destacou que o prêmio é merecidíssimo, tendo em vista a relevante contribuição de Moacir dos Anjos na cena cultural.
Moacir dos Anjos recordou sua primeira participação em uma curadoria de exposição, em 1999, como um dos curadores do Projeto Nordestes. Desenvolvido em parceria da Fundaj com o Sesc Pompéia, em São Paulo, o projeto tinha o objetivo de discutir a pluralidade e a diversidade de expressões artística da região Nordeste no mundo contemporâneo: além das artes visuais, estavam representados a literatura, a música, o teatro, o cinema e a dança.
Desde então, em 25 anos de trajetória, organizou mais de uma centena de exposições. Entre elas, foi curador da 29ª Bienal de São Paulo (2010) e do pavilhão brasileiro na 54ª Bienal de Veneza (2011), além de mostras no Recife (foi Diretor do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – MAMAM entre 2001 e 2006), em Fortaleza (Pinacoteca do Ceará), em São Paulo (Estação Pinacoteca, Itaú Cultural e Museu de Arte Moderna de São Paulo) e no Rio de Janeiro (Galpão Bela Maré e no Museu de Arte do Rio).
Entre as exposições mais recentes que contaram com a curadoria de Moacir dos Anjos está Mutirão, inaugurada em maio de 2024, que ocupa a Galeria Vicente do Rego Monteiro, campus Ulysses Pernambucano da Fundaj, no Derby. A mostra reúne mais de 200 itens pertencentes a coleções públicas e privadas, incluindo fotografias, folders, cartazes, documentos, filme, objetos, jornais, livros e obras de artistas de algum modo associados à história do Movimento de Cultura Popular.
No texto curatorial de Mutirão, dos Anjos assinala: “No Recife, em 1960, um grupo heterogêneo de pessoas se juntou com um objetivo comum e principal: combater o analfabetismo que afligia a maioria das crianças e adultos pobres na cidade. Condição que estreitava os futuros possíveis dos mais novos e mantinha os mais velhos presos a empregos mal remunerados, além de impedidos de participar de eleições – à época, somente pessoas alfabetizadas possuíam direito a voto. Uma situação que reproduzia e ampliava desigualdades entre habitantes de um mesmo território”.
Também em maio deste ano, inaugurou a exposição Arte Subdesenvolvida, no Centro Cultural do Banco do Brasil, em São Paulo, a qual seguirá, em itinerância, para as unidades do CCBB em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília.
Sobre Moacir dos Anjos
Atual coordenador-geral do Muhne, Moacir dos Anjos foi curador de exposições individuais, entre outros, dos artistas Cildo Meireles (Estação Pinacoteca, São Paulo, 2006), Rosângela Rennó (MAMAM, Recife, 2006), Jac Leirner (Estação Pinacoteca, São Paulo, 2011), Cao Guimarães (Itaú Cultural, São Paulo, 2013), Alfredo Jaar (Sesc Pompeia, São Paulo, 2021) e Paulo Bruscky (Galeria Marco Zero, Recife, 2022).
Dos Anjos foi também curador das exposições Contraditório – Panorama da Arte Brasileira (Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2007), Cães sem Plumas (MAMAM, Recife, 2014), A Queda do Céu (Paço das Artes, São Paulo, 2015), Travessias 5 - Emergência (Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro, 2017), Quem não luta tá morto. Arte democracia utopia (Museu de Arte do Rio, 2018), Raça, classe e distribuição de corpos (2018), Minas (2019), Educação pela pedra (2019), Necrobrasiliana (2022) – as quatro últimas na Fundação Joaquim Nabuco, como parte do projeto Política da Arte, o qual coordenou entre 2009 e 2023. Em parceria com Fabiana Moraes, organizou ainda as exposições Língua Solta (Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, 2021) e Negros na Piscina (Pinacoteca do Ceará, Fortaleza, 2022).
O curador e crítico de arte é autor dos livros Local/Global. Arte em Trânsito (Zahar, 2005), ArteBra Crítica (Automática/Martins Fontes, 2010), Contraditório. Arte, Globalização e Pertencimento (Cobogó, 2017) e Ataque à Indiferença (Cobogó, 2024, no prelo). Ele publica ensaios regularmente na coluna da Revista ZUM online.