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Conversa sobre Vicente do Rego Monteiro é disponibilizada pela Fundaj como prévia de exposição inédita
A partir desta quinta-feira (17), já está disponível no canal do YouTube da Fundaj a conversa entre os pesquisadores Rodrigo Cantarelli e Moacir dos Anjos sobre a trajetória do artista plástico pernambucano Vicente do Rego Monteiro. A iniciativa faz parte da celebração da instituição do centenário da Semana de Arte Moderna, e é motivada principalmente pela exposição “Um Pernambucano na Semana de 22: Vicente do Rego Monteiro”, prevista para ser aberta em junho, na sala que recebe o nome do artista, no campus Derby.
Em suas falas, Moacir dos Anjos e Cantarelli, que é curador da exposição, rememoram a vida do artista desde seus primeiros passos, quando, ainda criança, acompanhava a irmã Fédora em suas viagens de formação artística, e realizava seus primeiros estudos da arte brasileira, em especial por meio do mergulho no acervo arqueológico de cerâmicas do Museu Nacional. “Essas visitas no Museu causam uma mudança na forma como ele pretendia se expressar. Ele faz uma série, cerca de 60 aquarelas, inspirado naqueles grafismos e nas lendas amazônicas. Ele expõe no Recife, depois em São Paulo e Rio, e começa a ser chamado de futurista”, explica Rodrigo.
O resgate dessa trajetória também passa pelas discussões sobre os anseios da criação de uma arte brasileira, que já vinha desde o século 19, como gatilhos para o modernismo e a Semana de Arte Moderna e o papel de Vicente do Rego Monteiro nesse contexto. “No Recife, a discussão ganha contornos próprios com um quase embate entre os modernistas e os chamados regionalistas. Na literatura e nos ensaios, esse embate vai se resolvendo ao longo dos anos 1920 principalmente na figura exemplar de Ascenso Ferreira, que faz uma articulação entre esse modernismo e a preocupação com o local, imprimindo um sotaque próprio à essa cultura que vem de fora, modernista. No campo das artes visuais, uma figura que teria desempenhado um papel muito similar a esse seria o Vicente do Rego Monteiro”, elabora Moacir.
Caminho modernista
A partir daí, vemos os caminhos de Rego Monteiro para se tornar uma figura incontornável do modernismo brasileiro, desde a exposição e aclamação de suas aquarelas em 1919, os primeiros contatos com o grupo de artistas que organizaram a Semana de 22, na qual suas obras estiveram presente, mesmo com Vicente já fora do Brasil, morando em Paris. “A Semana de 22 concentra um grupo paulista e ele acaba sendo um elemento novo, de fora. Ele deixa algumas obras, que estão lá, representando a modernidade de Vicente. E boa parte dessas obras, principalmente as aquarelas de temáticas indígenas fazem uma ponte entre as reformulações estéticas novas, modernistas e uma imagem de Brasil. Um olhar que os paulistas em 1922 ainda não tinham”, afirma Cantarelli.
Exposição
Quando chegar ao Derby, a exposição de Vicente do Rego Monteiro contará com a combinação de acervos do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), coleções particulares e o acervo da Fundaj, que exibirá pela primeira vez essas obras em conjunto, que são quatro óleos, um desenho e uma monotipia. “A exposição celebra o nome de Vicente do Rego Monteiro enquanto um pernambucano na Semana de 22. Um nome incontornável na arte moderna brasileira e que tem esse papel importante na primeira metade do século 20 como um artista que olha para o Brasil, pesquisa o Brasil e divulga as ideias modernistas”, conclui Rodrigo.