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Concurso de Residências Artísticas divulga selecionados em 2020
A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) divulgou, nesta quarta-feira (30), os selecionados do VI Concurso de Residências Artísticas. Em 2020, o certame analisou 100 projetos enviados por proponentes de todo o Brasil. Os artistas selecionados, receberão R$ 15 mil, cada, para o desenvolvimento de suas propostas. São eles: o pernambuco Abiniel João Nascimento, com o projeto Aceiro, a carioca Agrippina R. Manhattan, com ContraNormas brasileiras para erros de português, e a capixaba Castiel Vitorino Brasileiro, com Quarto de Cura. O resultado também foi publicado no Diário Oficial da União.
Responsável pelo Concurso, a Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) explica que a próxima etapa é a contração dos artistas, estimado até março de 2021. Ao fim, os selecionados terão um prazo de 12 meses para a realização das residências e exposições após a consolidação do contrato. Em virtude do atual cenário, o primeiro encontro com os aprovados deverá ocorrer virtualmente. Ainda de acordo com a Dimeca, as Residências 2020 devem iniciar em abril ou maio do próximo ano, enquanto as exposições poderão ser apresentadas já no segundo semestre.
Cerca de 55 km separam a capital pernambucana de Carpina, município da Zona da Mata Norte. É no povoado de Caraúba, envolto pelo plantio e cultivo da cana-de-açúcar, que vive o artista Abiniel João Nascimento. Não por acaso, ele propõe em Aceiro investigar os impactos da planta na construção da identidade do povoado. Uma pesquisa poética, define. Assim, traços da memória, do território, da labuta cotidiana serão combustível para a performance a ser construída, onde ele pretende ressignificar feridas ainda expostas no seio familiar.
Já no Rio de Janeiro, Agrippina Manhattan vive entre a capital, Niterói e sua cidade natal, São Gonçalo. O trânsito é a marca da sua trajetória. Selecionada para realizar o projeto ContraNormas, ela pretende promover investigação e levantamento do repertório oral das pessoas na Região Metropolitana do Recife para compor um léxico que se contraponha ao português de 'pureza eugenista'. Na luta contra 'tudo aquilo que restringe a liberdade', como palavra, norma, hierarquia, pensamento e ela mesma, defende que a linguagem é uma ferramenta de construção tanto quanto de destruição.
Enquanto para a artista Castiel são as vivências elementos cruciais à tal liberdade. Ela vive os ofícios da psicologia e das artes visuais em simultâneo. Em seu trabalho desenvolve estéticas sobre espiritualidade, onde reivindica aspectos da cultura bantu. No projeto Quarto de Cura, ela deverá atrelar compreensões da psique humana às ritualísticas. Para isso, alugará uma casa com dois quartos, onde ela receberá pessoas para pensar traumas, violência racial e “coletivamente propor modos de se curar”.