Notícias
Cinema da Fundação teve noite dedicada ao choro, com apresentação musical, debate e exibição de documentário
No mesmo dia em que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) declarou o choro como o 53º Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, a Sala Museu do Cinema da Fundação teve a honra de receber, na quinta-feira (29), uma belíssima apresentação do grupo “Isto é Choro”, seguida de uma conversa sobre o regionalismo da música pernambucana e a exibição do filme “Plauto, um Sopro Musical”.
A apresentação fez parte do projeto "Sotaques do Choro", que estreou em janeiro em Salvador, com o objetivo de criar um elo entre a música e o cinema, resgatando uma conexão importante. Vale lembrar que, a partir de meados da década de 1910, os cinemas das grandes cidades costumavam ter conjuntos de músicos.
O quarteto, formado por Fábio Santos na flauta transversal, Wellington Nascimento no violão de sete cordas, Danilo César no pandeiro e Maxwell Bernardo no cavaquinho, apresentou clássicos como "Minha Flauta de Prata", "Fascinante" e "Naquele Tempo", de Pixinguinha. O coletivo surgiu em 2016 do movimento de musicistas e produtores pernambucanos que buscavam a difusão e preservação do gênero.
“Uma noite maravilhosa que tivemos aqui no Cinema da Fundação. Uma noite de celebração da boa música, do choro, e uma noite de extrema importância para a cultura e para a música, porque nós sabemos que o choro nasceu no seio do povo e demanda cada vez mais se relacionar com as novas gerações. E fico feliz porque tivemos aqui no nosso público uma variedade muito grande, mas com uma maioria de jovens. Isso é muito interessante, muito importante para a formação de público e perpetuação do gênero. É isso que a gente quer, que o choro atravesse mais 100, 200, 300 anos”, afirmou o músico Fábio Santos.
Após a apresentação musical, deu-se início ao debate, que contou com a participação do jornalista e curador do Cinema da Fundação, Ernesto Barros, e do produtor do grupo “Isto é Choro”, Wagner Staden. Foram abordados temas como a participação feminina no choro, novas composições e o papel e influência dos compositores pernambucanos no chorinho brasileiro. O diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Túlio Velho, também participou do encontro.
“Foi uma noite maravilhosa que tivemos, juntando o cinema e a música. Duas linguagens que sempre estiveram juntas. Na fase da infância do cinema, a música era muito primordial, ajudava a contar a história e criar o clima das cenas. Cada lugar do Brasil tem choro e Pernambuco tem um manancial muito grande, com João Pernambuco, por exemplo, abrindo as portas e influenciando os chorões do Rio de Janeiro. Nós somos um povo que tem essa cultura muito diversa, é choro, cinema, artes plásticas, música, com suas variadas vertentes, literatura, poesia, eu acho que tudo isso é um caldo muito forte que a gente tem e que nos diferencia um pouco e nos mostra quem somos”, destacou Ernesto Barros.
A culminância ocorreu com a projeção de "Plauto, um Sopro Musical", um documentário sobre a trajetória de Plauto Cruz (15 de novembro de 1929 - 28 de julho de 2017), um dos maiores músicos gaúchos e considerado por muitos como o melhor flautista do Brasil. Dirigida por Rodrigo Portela e escrita por Márcio Schoenardie, a obra reúne desde composições do renomado artista brasileiro até diversos fragmentos de sua vida pessoal.