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Cinema da Fundação/Porto celebra os 10 anos de O Som ao Redor
A Zona Sul da cidade do Recife e os impactos causados por uma recém chegada empresa particular de seguranças, é cenário do filme O som ao redor. O longa-metragem pernambucano, que completou 10 anos desde sua estreia, ganhou uma sessão especial gratuita no Cinema da Fundação/Porto e celebrou junto ao público a produção que é um marco no cinema nacional.
Com metade dos ingressos disponibilizados pelo Sympla e a outra metade disponível para retirada na bilheteria uma hora antes da sessão, a exibição especial contemplou os espectadores com comentários ao vivo do diretor, Kleber Mendonça Filho.
Na obra, os conflitos entre um grupo que oferece serviços particulares de segurança e os demais moradores de um bairro, tensiona em seu microcosmo, as diferenças de raça e classe presentes em uma cidade marcada por um passado colonial como é Recife.
Ao longo da sessão, Kleber relata ao público curiosidades sobre a obra. “Queria que o filme começasse com uma exposição de fotos”, atesta. “Fomos ao arquivo da Fundação Joaquim Nabuco para utilizar as imagens apresentadas no início e elas foram, ao longo do tempo, se apresentando cada vez mais potentes”.
Sendo a última oportunidade do diretor pernambucano de fazer um filme em formato 35mm, antes de mudar a tecnologia, a direção cinematográfica em O Som ao Redor também buscou deixar bem definido, logo de início, um panorama sobre o bairro retratado e as pessoas que o ocupavam.
Kleber Mendonça Filho reforça na sessão especial sobre a história estar bem escrita nas construções arquitetônicas e muros que dividem a cidade e rompem o senso de comunidade. Já debatidos a dez anos atrás, à época do lançamento do longa, a desigualdade econômica e dinâmica social baseada em um modelo colonial datado são uma constante ao longo da obra.
“As discussões no Brasil são sempre as mesmas, mas o vocabulário e a crítica sobre a questão vão se reformulando com o tempo”, conclui o diretor.