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Bolsistas do Pibic do Ensino Médio da Fundaj visitam Engenho Massangana
Alunos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) do Ensino Médio da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) realizaram nesta quarta-feira (26), uma programação educativa no Engenho Massangana, localizado no Cabo de Santo Agostinho. Integrando o terceiro ano na Escola de Referência em Ensino Médio Professor Cândido Duarte, o grupo participou de uma visita mediada ao equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj. O Engenho Massangana é tombado pelo estado de Pernambuco como Parque Nacional da Abolição, tendo sido morada para o abolicionista Joaquim Nabuco durante parte da infância.
O encontro também teve participação da diretora de Formação Profissional e Inovação (Difor), Ana Sousa Abranches, e do diretor da Dimeca, Túlio Velho Barreto, ambos coordenadores do Pibic Ensino Médio da Fundaj, além dos pesquisadores Allan Monteiro e Alexandre Zarias, das pesquisadoras e orientadoras do programa Pibic Ensino Médio da Fundaj Darcilene Gomes e Suiany Padilha, e dos coordenadores do Museu do Homem do Nordeste Albino Oliveira (Museologia) e Edna Silva (Ações Educativas e Comunitárias). “Com essa visita ao Engenho Massangana podemos trabalhar com as questões das relações étnico-raciais no cenário local e nacional”, ressaltou Ana Sousa Abranches.
Orientadora do programa, a pesquisadora Darcilene Gomes explicou que, no momento, o grupo de iniciação científica está pesquisando sobre o Novo Ensino Médio e como o programa está afetando as juventudes. “Dentro do projeto existe uma necessidade de adensar o capital cultural dos estudantes. Muitos não têm acesso a isso no cotidiano. Buscamos trazê-los a esses espaços para que haja essa troca, especialmente porque esses estudantes mostraram, desde o início da pesquisa, interesse em visitar o Engenho Massangana”, destacou.
A manhã foi vivenciada nas salas das exposições “Masanganu: memórias negras”, onde os monitores puderam tecer um diálogo com os alunos entre documentos históricos relacionados à vida dos escravizados do Engenho Massangana e obras artísticas de importantes vozes negras do país, e “Jeff Alan: pra deixar de ser ‘pra inglês ver’”, mostra que explicita o laço entre a memória e reconhecimento da população negra.
A monitora do Educativo do Engenho Massangana Maria Luísa Moura acompanhou todo o percurso da visita e pôde pontuar algumas observações por meio da expografia de Massangana ao grupo atento. “O que as duas exposições buscam expressar ao público é importante, pois não podemos naturalizar o tipo de imagem onde o povo negro está subserviente. As obras expostas aqui reconfiguram essa estética, dando um visão de dignidade ao povo negro”, ressaltou.
O grupo de alunos também conheceu a histórica Capela de São Mateus, que integra parte dos dez hectares do conjunto arquitetônico rural do século XIX. No espaço religioso, o diretor Túlio Velho Barreto conversou com os alunos sobre a disposição do casario no Engenho Massangana. “Quando observamos a topografia do espaço percebemos que não é arbitrária a decisão da capela ser no topo, o espaço mais alto e, portanto, santificado. Assim como a casa grande estar no meio e o espaço da senzala ser distante e na parte mais baixa do Engenho. Essas posições dialogam com a hierarquia social e as políticas étnico-raciais vigentes à época”, detalhou.
A coordenadora do Laboratório Multiusuários em Humanidades (MultiHlab) do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional da Fundação Joaquim Nabuco, Viviane Toraci, que participou da visita mediada, explicou que o laboratório voltado para projetos coletivos da Fundaj exerce o papel de auxiliar no desenvolvimento da pesquisa dos estudantes do Pibic. "O MultiHlab acompanha o Pibic Ensino Médio em todas as suas edições, desde 2017. A gente sempre propõe, além dos registros das atividades, o próprio produto de divulgação científica, a partir do que eles estão aprendendo", explica a coordenadora.