Notícias
Babalorixá pai Ivo de Xambá fala sobre Xangô, racismo religioso nas escolas e justiça social em palestra na Fundaj
"Os terreiros de candomblé foram o grande quilombo desse povo". O babalorixá pai Ivo de Xambá ministrou hoje a palestra “O orixá Xangô e as comemorações no mês de junho”, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e falou sobre a história e vivências afro-brasileiras, racismo religioso, justiça social e o Estatuto da Igualdade Racial. A atividade celebra o orixá Xangô no mês de junho e a parceria da instituição com a Casa Xambá.
Para compor a mesa de abertura, o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), Túlio Velho Barreto, representando a presidenta da instituição, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, falou sobre a relevância da palestra na Casa. "Esse é um momento que se reveste de importância para a Fundaj. Não é só uma sessão onde Pai Ivo vai falar, mas um momento de celebração", disse.
A coordenadora de Ações Educativas e de Ações Comunitárias do Muhne, Edna Silva, destacou, ainda, a contribuição acadêmica, social e política do palestrante para Pernambuco e para o país. "Nós tivemos a sorte e a alegria de partilhar com integrantes da Nação Xambá experiências como a dança, a memória afetiva, através da culinária, das vestimentas e das ervas. A parceria contribuiu e contribui para a preservação e difusão das tradições e vivências afro-brasileiras, bem como sua pluralidade", pontuou.
Durante a apresentação, pai Ivo de Xambá falou sobre a necessidade de se combater o racismo religioso nas escolas, por meio da educação, para se criar uma sociedade mais justa. Ele ressaltou, ainda, a contribuição do povo negro para a construção da identidade do Brasil. "Eu costumo dizer que os negros não trouxeram nenhuma religião da África, eles trouxeram a espiritualidade sociocultural: 90% da cultura que temos em nosso país saiu dos terreiros de candomblé: o samba, a capoeira, a ciranda e o coco".
O babalorixá e Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) também falou sobre de que forma a religião pode contribuir para a formação social. "Xangô é o deus da justiça e da honestidade. Ser honesto não é uma qualidade, é uma obrigação, e se conseguirmos falar sobre essa questão com as crianças, teremos uma sociedade mais justa. Cada orixá nos ensina uma coisa", completou.
Ao fim da palestra, o público debateu sobre o tema e visitou a exposição “Memórias da Nação Xambá – 20 anos do Memorial Severina Paraíso da Silva ‘Mãe Biu’”, que segue à mostra na Galeria Massangana, no campus Gilberto Freyre da Fundaj, em Casa Forte, até 2 de julho. A mostra também é fruto da parceria entre Fundaj e Casa Xambá.