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Aula-concerto na Fundaj evidencia música erudita brasileira
Uma tarde para apreciar a música clássica. Com ouvidos e olhos atentos, o público que esteve no Cinema da Fundação/Museu, na tarde desta sexta-feira (18), foi envolvido por um repertório musical voltado à obra de Heitor Villa-Lobos. A Aula-concerto do grupo pernambucano “Quarteto Encore” integra a celebração ao centenário da Semana de Arte Moderna promovida pela Fundação Joaquim Nabuco, por meio da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte.
“A nossa intenção com eventos como este é trazer o público para conhecer e se aprofundar cada vez mais na música erudita ”, abriu a programação o chefe do Centro de Documentação da Fundaj, Lino Madureira. A escolha da obra do maestro e compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos não foi à toa. Villa-Lobos foi o principal nome da música da Semana de 22. “Estamos aqui para celebrar um movimento importante, que desencadeou um processo de desenvolvimento da música erudita brasileira nos anos posteriores. O encontro que aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo há 100 anos foi um marco que buscou difundir várias vertentes da arte de forma coloquial e nacionalista”, afirmou o diretor musical do Quarteto Encore, Carlos Santos.
Ao longo da tarde, o grupo apresentou músicas como "Movimentos de Quarteto Nº 1", "Trenzinho do Caipira" e "Melodia Sentimental", de Villa-Lobos, além de "Movimentos da Pequena Suíte Brasileira", de Dierson Torres. “Esse momento foi muito bom. Lembrei dos concertos que já fiz com o meu próprio grupo de música rodando o Brasil. Foi lindo ver a juventude presente por aqui, porque não tem como não sair tocado pelas canções ouvidas. E isso é um incentivo para as gerações depois de mim”, destacou o professor de música aposentado, José Amaro. Ele já deu aulas na UFPE sobre Canto Coral e História da Música Universal e Brasileira.
Entre uma apresentação e outra, os músicos dividiram um pouco de seus conhecimentos com o público. Rafaela Fonseca (2º Violino), comentou que as cordas do instrumento vêm da crina do cavalo. Já o músico José Carlos, explicou: “falamos 1º e 2º violinos não por ser um mais importante do que o outro, mas pela organização nas partituras”. Em seguida, os músicos Fabiano Menezes (Violoncelo) e Raquel Paes (Viola) mostraram a diferença dos tons dos seus instrumentos. O violoncelo é mais grave do que a viola.
“Essa tarde foi maravilhosa! Acredito que a gente sempre precisa parar para escutar uma boa música e desacelerar. Meu pai gostava muito desse estilo de canção e esse tempo também me fez lembrar dele”, comentou a técnica pedagógica do Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, Mônica Coelho. O programa é gerido pela Secretaria de Educação do Recife e capacita professores da Rede Pública de Ensino.
Durante o evento, o público também prestigiou a participação da cantora erudita Anita Ramalho. E para encerrar a programação, os músicos tocaram “O Amanhecer” e “Pulando Corda”, do maestro Dierson Torres. “Prestem atenção que esses nomes se remetem ao português brasileiro, algo que a Semana de Arte Moderna quis trazer: uma busca por algo essencialmente nacionalista”, frisou José Carlos.
Programação
A primeira ação da Fundaj para celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna foi um debate sobre uma exposição que acontecerá em junho, na sala Vicente do Rego Monteiro, no campus Derby da Fundaj. Batizada de “Um Pernambucano na Semana de 22: Vicente do Rego Monteiro", a mostra trará a trajetória de Vicente do Rego Monteiro. O debate sobre a exposição foi veiculado no último dia 17 e segue disponível no canal do YouTube da Fundaj. Realizado pelos pesquisadores da Casa Moacir dos Anjos e Rodrigo Cantarelli, o debate trouxe, além de tópicos sobre a exposição, reflexões sobre o legado de Vicente do Rego Monteiro. O artista, que mesmo sem estar presente no Theatro Municipal naquele 1922, teve suas oito obras exibidas no evento, alcançando ainda mais notoriedade e influência nas artes brasileiras. Rodrigo Cantarelli é o curador da exposição.