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Aprovada por unanimidade dissertação sobre política e espiritualidade do mestrado PPGECI/FUNDAJ/UFRPE
“Você fez uma coisa muito mais difícil e mais improvável, dentro do ambiente acadêmico. Você transformou sua dissertação em um artefato cultural. Foi um trabalho ousado, corajoso e extremamente raro”, declarou o professor Alexandre Simão de Freitas (UFPE), a respeito da pesquisa “A Tutela do Oculto: Sobre Experiências Profanadoras com as Carrancas, HQs e Educação”, apresentada por George André Pereira de Souza, na quinta-feira (25), no Campus Ulisses Pernambucano, no Derby. O professor Alexandre Simão foi o titular externo da Banca Examinadora de Defesa do curso de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Identidades (PPGECI), que é um mestrado associado entre a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
O estudo buscou cartografar experiências do próprio autor, cruzando espiritualidades transgressoras, profanadoras produzidas pelas carrancas (escultura produzida em madeira usada como amuleto contra os maus espíritos), manifestadas em diversos artefatos culturais. Como ponto de partida, ele usou a etnografia de tela (Rial, 2005), das páginas da História em Quadrinhos (HQs) “Carniça e a blindagem mística: a tutela do oculto” (2021), do artista Chico Shiko, em que Carniça, personagem principal, se encontra com o encantado da Carranca, fazendo um cruzamento de diálogos entre os estudos das espiritualidades com ideias sobre nordestinidade e as histórias em quadrinhos, através do campo da Educação.
A dissertação foi considerada um ponto fora da curva dentro do ambiente acadêmico formal, sem deixar de cumprir com todos os requisitos metodológicos exigidos de uma pesquisa de mestrado. “A nossa academia está permeada, hegemonicamente, por uma cosmopercepção, uma cosmologia judaico-cristã, onde vários elementos não ditos, nos processos de pesquisa, estão sendo influenciados, cruzados por esse modo de compreensão do mundo e você traz um lugar diferente com novas questões, traduzindo na forma de fazer a sua pesquisa”, ressaltou o professor titular interno, Moisés de Melo Santana (UFRPE).
Para a orientadora, professora Ana Paula Abrahamian de Souza, “o trabalho de George coloca as pessoas para reimaginarem novos processos de fazer, de produzir, de pensar pesquisas no campo da Educação, a partir de outros saberes e outras epistemologias. Existe uma potência que pode reverberar para outras pessoas do campo da Educação ou de outros campos de conhecimento, que podem ver no seu trabalho uma outra forma de imaginar, de fazer e de compartilhar pesquisas”.
George André afirmou que a espiritualidade está presente na academia e que vários trabalhos vão se desenvolvendo sobre essa relação (Educação e espiritualidade) na formação humana e a forma como ela é feita dentro e fora do espaço escolar. “A ruptura maior que eu vejo e onde, justamente, entra a pós-graduação da Fundaj, é como cruzar essa espiritualidade com elementos artísticos culturais na pesquisa. É tirar a pesquisa desse lugar sacro, desse lugar de pedestal e trazer para o cotidiano, onde qualquer pessoa é capaz de fazer, de desenvolver conhecimento. Eu queria produzir algo que outras pessoas entendessem o que estou falando. A arte como algo político, que seja comum. A arte está em todo canto. Tá na rua, tá na nossa linguagem que vem da periferia e que volta para a periferia e se mistura”, concluiu.
A apresentação da pesquisa foi aberta ao público e teve formato híbrido de participação. Entre os titulares da Banca Examinadora de Defesa, os professores Fábio da Silva Paiva e Fabrício Lopes da Silveira, ambos externos, fizeram as suas análises de modo virtual. O Programa de Pós-graduação está vinculado à Diretoria de Formação e Inovação (Difor). Ainda de acordo com a orientadora, o trabalho será finalizado e existe a possibilidade de ser publicado, através de artigos e periódicos, que consigam repercutir o estudo para o campo social, levando-o a vários lugares.