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Alunos de Design da UFPE/Campus Agreste recebem aula sobre a história da fotografia na Fundaj
O Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira Rodrigo Mello Franco de Andrade (Cehibra), vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), recebeu na terça-feira (5) um grupo de estudantes do curso de Design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), do Centro Acadêmico do Agreste, em Caruaru. Os alunos participaram de uma aula de história da fotografia realizada no Casarão Delmiro Gouveia, no campus Anísio Teixeira, em Apipucos.
A historiadora e conservadora de arquivos fotográficos do Centro de Documentação do Cehibra, Albertina Malta, reuniu slides para falar das primeiras técnicas de impressão fotográfica aos métodos de conservação dos arquivos de fotografia. Trinta alunos da disciplina de Fotolinguagem na representação visual nem piscavam os olhos para entender como surgiram as primeiras técnicas de impressão, antes da revelação em papel. Quem imaginaria nomes esquisitos como daguerreótipos - impressão em placa de metal, ambrótipos - impressão em placa de vidro e ferrótipos - impressão em placa fina de ferro? Em todas elas, a foto revelada era única.
Ainda no século XIX, explicou Albertina Malta, precisamente, em 1850 surge a impressão em papel albuminado, inventado por Louis Désiré Blanquart-Evrard. O primeiro método comercialmente viável de se obter impressões fotográficas a partir de negativos usava a albumina (extraída de clara de ovo) para fixar os sais de prata ao papel. Foi a forma mais popular de impressão até o início do século XX. Antes da virada do século, em 1873, Peter Mawdsley criou a técnica do papel de gelatina, uma camada adesiva transparente que fixa os sais de prata no papel. Produzido industrialmente a partir de 1880, foi um dos fatores que ajudaram na popularização da fotografia em larga escala.
Albertina Malta uniu sua própria coleção ao acervo histórico da Fundaj para dar aulas. O momento mais esperado foi o de mostrar para os universitários a importância das técnicas de conservação e manuseio de fotografias históricas, por serem documentos com especificidades na conservação. “Quando esses alunos chegarem numa instituição, como biblioteca, num arquivo público é importante que eles saibam como pegar, pesquisar, saber que é um documento especial e que aquela fotografia não pode sofrer danos”, ressaltou. O acervo da Fundação Joaquim Nabuco é um dos mais completos do Brasil. “A Fundação tem todas essas técnicas. O acervo da Fundaj pode contar a história da fotografia brasileira. É uma das principais coleções do país”, disse a historiadora.
A história conta que, no início, havia discussão se a fotografia poderia ser considerada uma arte, assim como a pintura. Logo esse impasse foi dirimido quando a fotografia passou a ser um divisor de águas no mercado. A nova linguagem não concorria com as outras técnicas de comunicação, a evolução rápida de suas técnicas de produção e impressão, fizeram da fotografia uma arte de comunicação em diversos segmentos do mercado. “Hoje a fotografia é acessível a todos, mas nem todo mundo é fotógrafo. Todos nós produzimos imagens. A fotografia como arte é diferente. Essa discussão vem do início, porque quem produzia quadros não considerava a fotografia uma arte. Logo, isso muda porque a fotografia, assim como a gravura e a pintura são formas de comunicar-se através da linguagem artística”, explica Albertina.
A fotografia contemporânea é o foco da professora da UFPE, Daniela Bracchi, que acompanhou a turma de Design. Titular da disciplina de Fotolinguagem na representação visual, ela ensina aos alunos a fotografia de maneira muito aberta com mistura de linguagem - fotografia, pintura, desenho, ilustração e colagem. “Essas linguagens vão confluindo para criar uma mensagem visual. Eles trabalham narrativas fotográficas, ou seja, um sequenciamento de imagens para produzir histórias”, contou.
A fotografia para o futuro designer, observou, é objeto editorial para produção de fotolivros, álbuns, por exemplo. Apesar do curso de Design oferecer muitas disciplinas do campo digital, Daniela Bracchi reconhece a importância dos alunos conhecerem a história da fotografia e suas técnicas do século XIX para enriquecer discursos narrativos pro mercado. A oportunidade de uma aula na Fundação Joaquim Nabuco permite aos universitários a percepção de que o passado dialoga com o presente e o futuro, não sendo apenas uma peça empoeirada de museu.
Daí, a escolha da professora em trazer a turma para conhecer a própria história do lugar onde vivem e sair da bolha do mundo digital. “ No final, essas imagens analógicas, elas podem ser digitalizadas e circular nas redes. Nesse processo analógico aceitar um pouco do acaso que não estava necessariamente no programado, tem muito impacto na formação deles. Importante pra eles aqui que a gente ofereça uma curadoria de qualidade porque na internet eles têm contato direto com todo tipo de imagem. Eles não tiveram conhecimento da história da fotografia de Pernambuco, eles só têm acesso pulverizado. A gente quer apresentar algo aprofundado, ligado ao Estado. Por isso, a escolha da Fundação, porque aqui está a nossa memória histórica, a nossa memória gráfica com as técnicas artesanais.”