Notícias
Aloisio Magalhães, um legado de infinitas possibilidades
A 5 de novembro de 1927 nascia, no Recife, Aloisio Sérgio Barbosa Magalhães.Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife, e em Museologia pela École du Louvre, França, dedicou-se profissionalmente, no entanto, às artes visuais, ao desenho industrial e à cultura, área em que atuou como gestor público e formulador de conceitos, políticas públicas e projetos estratégicos de alcance nacional.
No Recife, foi integrante do “Teatro de Estudantes de Pernambuco” - TEP, trabalhando como cenógrafo e mestre de bonecos. Em 1954, participou do grupo fundador da oficina experimental de arte “O Gráfico Amador”, cujos livros, artesanalmente produzidos, primavam pela qualidade artística e gráfica das impressões.Sua estreia no campo da museologia se deu com a exposição “O açúcar e o homem”, concebida junto a Armando de Holanda Cavalcanti, realizada no extinto Museu do Açúcar, em 1963.
Nas artes visuais, destacam-se as gravuras e as montagens por ele criadas com cartões-postais, composições estéticas singularmente denominadas “cartemas”. Notável projetista, Aloisio Magalhães destacou-se nacionalmente no campo do desenho gráfico.Marcas e símbolos por ele criados são fontes inesgotáveis de pesquisa e inspiração em diversas áreas do conhecimento e da criação artística, sendo os mais populares a logomarca da Petrobrás (1970) e os desenhos das cédulas do Cruzeiro Novo (1966). Em 1988, em sua homenagem, o governo brasileiro instituiu o 5 de novembro como o Dia Nacional do Designer.
Ao espírito criativo, agregava enorme capacidade de diálogo e de articulação política, atributos que o levaram a assumir grandes desafios na esfera pública, particularmente no campo da cultura. Em 1975, foi um dos idealizadores e primeiro coordenador do Centro Nacional de Referência Cultural – CNRC. Entre 1979 e 1982, Aloisio Magalhães assumiu altos cargos no Ministério da Educação e Cultura: diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Sphan, e presidente da Fundação Pró-Memória; diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan; secretário da Cultura; além de membro do Bureau do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco. Participou dos primeiros processos de reconhecimento das cidades históricas brasileiras consideradas Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco: Ouro Preto, em Minas Gerais (1980); e Olinda, em Pernambuco (1982).
Aloisio Magalhães faleceu subitamente, na cidade de Pádua, Itália, no dia 13 de junho de 1982, em meio ao processo de defesa da candidatura de sua querida Olinda a Patrimônio Mundial. Seus restos mortais se encontram no mausoléu da família Magalhães, no cemitério de Santo Amaro, Recife. Pernambuco, sua terra natal, permanece como lugar de memória por excelência desse brasileiro de múltiplos talentos.
O Arquivo Aloisio Magalhães foi doado pela família, representada pela viúva Solange Magalhães e as filhas Clarice e Carolina Magalhães, à Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj, em 1985. A documentação abrange o período de 1977 a 1985, encontrando-se aberta à consulta pública, presencial ou por meio do Sistema Sophia, no endereço cdoc.fundaj.gov.br, no Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira - Cehibra / Fundaj.
Recife, 28 de novembro de 2024
Rita de Cássia Araújo
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco